Apoios na hotelaria e restauração directos para os trabalhadores
DECISÃO Nos hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias e similares, os trabalhadores vão intensificar a luta em defesa dos seus direitos e interesses, como foi garantido no dia 10, em Lisboa.
Baixos salários, precariedade e desregulação deram muitos lucros
A manifestação, de âmbito nacional, foi promovida pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN), integrada na «semana de acção e luta».
Na Praça de Londres, em frente do Ministério do Trabalho, foi salientado que os trabalhadores «foram e continuam a ser as principais vítimas da crise sanitária, que se transformou numa crise social profunda», como se refere numa resolução ali aprovada.
A federação e os seus sindicatos exigem «apoio directo do Estado aos trabalhadores», uma vez que «o Governo continua a dirigir apoios para o patronato e muitas empresas continuam a ficar com o apoio e não pagam aos trabalhadores».
Na caracterização da situação actual, assinala-se que o Governo «continua a impedir o funcionamento ou a restringir os horários dos estabelecimentos da restauração e bebidas, sem qualquer justificação» e «excluiu os trabalhadores das cantinas, refeitórios, bares, lavandarias, resíduos e manutenção dos hospitais do apoio que decidiu dar aos trabalhadores da Saúde».
Os salários praticados «são muito baixos», mas «as associações patronais e a esmagadora maioria das empresas recusaram negociar quaisquer aumentos» e a contratação colectiva «continua bloqueada, mesmo em sectores onde as empresas continuam a laborar, como é o caso das cantinas e refeitórios».
Entre as reivindicações inscritas na resolução, estão ainda: reabertura imediata de todas as empresas, estabelecimentos e serviços de alojamento, restauração bebidas e similares; retoma da actividade de todos os comboios, barcos e de todos os serviços de restauração e alojamento; anulação de todos os despedimentos colectivos e individuais e reintegração de todos os trabalhadores despedidos; reposição de todos os direitos dos trabalhadores, designadamente férias, horários, prémios, subsídios e outras prestações retributivas; pagamento dos salários em atraso; ocupação efectiva dos postos de trabalho, sem redução do horário e com o pagamento integral dos salários; condições mínimas de segurança e protecção da saúde; apoio especial aos trabalhadores das cantinas, refeitórios, bares, lavandarias, resíduos e manutenção dos hospitais, igual ao que o Governo decidiu para os trabalhadores da Saúde; respeito pelos direitos; retoma da negociação da contratação colectiva; aumentos salariais dignos e justos para todos; uma «actuação exemplar da Autoridade para as Condições do Trabalho, coerciva e penalizadora».
PCP solidário
O Governo «tem de intervir directamente para ajudar os trabalhadores, garantindo os postos de trabalho e os salários», defendeu Alma Rivera. A deputada do PCP, presente na manifestação, lembrou num breve depoimento que este sector «deu muitos lucros, foi uma verdadeira galinha de ovos de ouro, mas isso nunca se traduziu em melhores condições para os trabalhadores, aliás, esses lucros foram obtidos à custa de baixos salários, da precariedade, da desregulação das relações de trabalho, dos vínculos informais».
Contudo, «agora, que as coisas estão difíceis, são os trabalhadores os primeiros a ser chamados a pagar». Também as recentes medidas de restrição do funcionamento dos estabelecimentos, que o Governo aprovou, traduzem-se «numa situação mais dramática para os trabalhadores, quando era possível manter estes estabelecimentos a funcionar com normas de segurança», até porque «não é verdade que sejam um dos principais espaços de contágio, se forem respeitadas as normas sanitárias».
Greve no SUCH foi à AR dia 14
Na segunda-feira, primeiro de dois dias de greve nacional no Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, a Fesaht realizou uma concentração junto da Assembleia da República, para dar força e visibilidade à luta por aumentos salariais e pelo direito à compensação atribuída a outros trabalhadores da Saúde.
Entre outros, receberam palavras de solidariedade e apoio da Secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, e de Paula Santos, deputada do PCP.