Melhores salários só com a luta nos CTT, Randstad e Scotturb
NEGOCIAÇÃOPerante a recusa patronal, expressa ou prática, de qualquer passo para melhorar as remunerações, resta aos trabalhadores o caminho da luta, apelam a Fectrans/CGTP-IN e os seus sindicatos.
Mesmo com mais vendas e lucros, as empresas «continuam a “chorar”»
As reuniões com a Randstad «chegaram ao fim, cabe agora a palavra aos trabalhadores», afirma o SNTCT, num comunicado dirigido ao pessoal daquela empresa colocado no sector das comunicações e telecomunicações.
Depois de relatar os episódios que marcaram o processo de revisão salarial, iniciado com o envio da proposta sindical e respectiva fundamentação económica, em Fevereiro, e que passou por reuniões na DGERT (Ministério do Trabalho), em Setembro e Outubro, o sindicato refere que a Randstad não só recusou qualquer aumento, como negou uma compensação para quem está em teletrabalho.
O SNTCT destaca que «a Randstad e as operadoras, mesmo nesta época de pandemia, continuaram a aumentar as vendas e os lucros». Por outro lado, «colocando os trabalhadores em teletrabalho, poupam na manutenção, na conservação, na limpeza, na desinfestação, na electricidade e na água». Mas os patrões «continuam a “chorar” e a afirmar não ter condições para aumentar salários».
No comunicado, de 18 de Outubro, o sindicato anunciou que de imediato iria consultar os trabalhadores, porque «o caminho é a luta».
Direitos e não esmolas
Já nos CTT, realça o mesmo sindicato, a administração avançou com a proposta de atribuição de prémios a alguns trabalhadores, uma semana após ter interrompido o processo negocial sobre aumentos salariais por alegada falta de disponibilidade económica da empresa. Para o SNTCT, o que a gestão privada dos Correios pretende é desrespeitar a contratação colectiva e furtar-se à negociação de aumentos na tabela salarial.
Acusando a administração de procurar, com este prémio, dividir os trabalhadores, o sindicato denuncia ainda que estarão dele excluídos os trabalhadores das Estações de Correio e «os que tiveram o azar de ficar confinados ou “espelhados”». Os trabalhadores dos CTT «não precisam de esmolas», mas de salários justos e boas condições de trabalho, garante o SNTCT, que promete luta para breve, aguardando apenas por um conhecimento mais detalhado da proposta da empresa.
Na história
pelas razões erradas
A administração da Scotturb considerou irrealista a proposta de Acordo de Empresa apresentada pela Fectrans (em representação do STRUP), que prevê aumentos salariais e a redução do horário de trabalho. A actualização salarial para 2020 foi de cinco euros (16 cêntimos diários), recorda a Fectrans.
A estrutura sindical acusa a administração de não aceitar sequer reunir com os representantes dos trabalhadores, «afastando ainda a hipótese de actualizar rubricas de expressão pecuniária». Para a Fectrans, esta gerência ficará na história por más razões: em pleno surto epidémico, não só recorreu ao lay-off como manteve um número de trabalhadores fixo em casa, sem qualquer rotatividade, «entregando-os ao isolamento e ao rendimento baixo», recusando liminarmente rever salários e condições de vida «daqueles que aguentaram verdadeiramente a crise pandémica».
Num claro apelo à luta, a Fectrans assume que «se não forçarmos a gerência a alterar a sua posição, os salários na Scotturb ficarão mais próximos do Salário Mínimo Nacional, ou seja, os trabalhadores perdem poder de compra».