Avanços e resistência na América Latina
SOLIDARIEDADE O CPPC promoveu um debate na terça-feira, 27, sobre a luta dos povos da América Latina pela sua libertação e emancipação, que teve nas recentes vitórias do Chile e da Bolívia importantes momentos.
As vitórias na Bolívia e no Chile abrem boas perspectivas para a região
Na mesa da sessão, realizada na Casa do Alentejo, em Lisboa, estava a presidente da direcção nacional do CPPC, Ilda Figueiredo, e os embaixadores da República Bolivariana da Venezuela e de Cuba, Lucas Rincón e Mercedes Martinez. Todos valorizaram a importância das eleições bolivianas e do referendo chileno, não deixando porém de salientar que a ofensiva do imperialismo norte-americano na região está longe de ter cessado ou sequer abrandado.
Na Venezuela, contou o diplomata, a ingerência agrava-se à medida que se aproximam as eleições legislativas marcadas para Dezembro. Nas quais, realça Lucas Rincón, participarão 107 forças políticas, 98 das quais da oposição ao governo, informou, ironizando com os que, nos EUA e na Europa, consideram que o país vive sob «ditadura». O embaixador deixou ainda duras críticas ao Rei de Espanha, a quem acusou de ter facilitado a fuga de Leopoldo López, acusado de crimes graves.
Lucas Rincón denunciou ainda os efeitos das sanções norte-americanas e do roubo de recursos soberanos do país por potências imperialistas na economia do país e nas condições de vida do povo. Assegurando que estão a ser tomadas medidas para resistir a esta violenta ofensiva, continuando a garantir e aprofundar as conquistas da Revolução Bolivariana.
Ofensiva e resistência
A diplomata cubana também denunciou a persistência e aprofundamento do bloqueio norte-americano contra o seu país, que juntamente com os efeitos da pandemia de COVID-19 provocou quebras consideráveis no PIB do país. Ainda assim, valorizou, Cuba manteve e até ampliou a sua política de solidariedade internacionalista, enviando para 35 países quase 4000 especialistas de saúde (integrados em 42 brigadas) para ajudar no combate ao novo coronavírus. O Prémio Nobel da Paz para o contingente Henry Reeve seria, pois, plenamente justificado, assumiu.
Tal como o seu congénere venezuelano, Mercedes Martinez considerou que o regresso do MAS ao poder na Bolívia, derrotando o golpe de há um ano, bem como a abertura de um processo constitucional no Chile abrem boas perspectivas para a luta dos povos na região e para a recuperação dos processos de integração soberana, libertos da influência imperialista.
Do núcleo do PT em Lisboa como na Associação de Amizade Portugal-Cuba vieram palavras de estímulo à luta dos povos e compromissos de reforço da solidariedade. O activista brasileiro deu conta da ofensiva contra direitos elementares que está em curso no seu país, mas também do alargamento da luta para a travar.
Solidariedade!
Ilda Figueiredo reafirmou a solidariedade antiga do movimento da paz português com os povos da América Latina e chamou a atenção para outras questões importantes, como a campanha que está em curso visando a adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares, que, com a adesão recente do 50.º país, entrará em vigor daqui a três meses.