Premiar a paz ou estimular a guerra?

Manuel Rodrigues

A Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais Argentinos em Defesa da Humanidade – entre os quais se inclui o vencedor do prémio nobel em 2020, Adolfo Pérez Esquivel –, o Conselho Mundial da Paz e muitas outras organizações e personalidades propõem que o Prémio Nobel da Paz de 2021 seja atribuído às brigadas médicas cubanas «Henry Reeve».

O contingente de médicos cubanos «Henry Reeve» foi criado em 2005 e, desde aí, em cerca de 28 brigadas enviadas a 22 países, mais de 7950 profissionais, actuaram para enfrentar os efeitos desastrosos de 16 enchentes, oito furacões, oito terramotos e quatro epidemias. No caso da COVID-19, um total de quase 1500 especialistas cubanos saíram da ilha, neste período, para 21 países da América Latina e Caraíbas, Europa, África e Médio Oriente, entre as quais Itália, Catar, México, Honduras, Venezuela, Haiti e Jamaica.

O apelo está lançado. Veremos agora qual vai ser a escolha do Comité do Prémio norueguês. Se prefere premiar a paz – atribuindo este prémio à brigada Henry Reeve – ou premiar responsáveis e cúmplices da guerra, como, entre outros exemplos, aconteceu em 2009 com a atribuição do Nobel ao presidente dos EUA, Barak Obama, que, entre outros actos de guerra, é corresponsável pelo bombardeamento da Líbia e pelo prosseguimento das guerras no Iraque e no Afeganistão ou, em 2012, à militarista União Europeia, pilar europeu da NATO.

Seja qual for a escolha, uma coisa é certa, a brigada «Henry Reeve» continuará a desenvolver a sua acção, mostrando que não há progresso social sem humanidade, solidariedade e internacionalismo.

Como recentemente declarou na ONU o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, a nobre atitude da Medicina Cubana e dos seus profissionais, recebam ou não o Nobel, «há anos conquistou o reconhecimento dos povos».

E não há prémio mais sublime do que este.





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