Escola é na escola
O encerramento das escolas e o ensino à distância aprofundaram as desigualdades sociais, como qualquer professor poderá testemunhar. A Lusa deu destaque esta semana a um estudo da Universidade de Nova de Lisboa que traduz em números essa sensação de desigualdade. Em colaboração com o Hospital Amadora-Sintra e nove centros de saúde da Amadora, a Universidade Nova está a fazer o seguimento da saúde de 420 crianças de quatro anos, portuguesas e filhas de imigrantes de países lusófonos. Os resultados não são surpreendentes, mas têm a crueza dos números.
Uma avaliação ao impacto da pandemia de COVID-19 nestas famílias concluiu que 49% tiveram diminuição do rendimento mensal, seja por cortes nos salários, seja pelo despedimento, valor que sobe para 72% nas famílias imigrantes. 23% das famílias adiaram pagamentos de rendas, prestações de crédito ou de despesas domésticas, percentagem que sobe para 39% nas famílias imigrantes.
Metade das famílias com crianças pequenas com quebras no rendimento significa voltar a recuar muito nos tímidos progressos feitos nos últimos anos no combate à pobreza infantil. Constatar que dois terços das crianças de famílias de imigrantes vivem esta realidade é ilustrativo das desigualdades, discriminações e injustiças que persistem.
O PCP tem insistido desde a primeira hora na necessidade de garantir as condições para que o ano lectivo decorra presencialmente, com as crianças e os jovens nas escolas. Essa é a única forma de garantir que todos, sejam filhos de que pais sejam, têm acesso à educação, à cultura, ao desporto, ao convívio, à alimentação saudável. Entregues a si próprias, isoladas e empobrecidas, as famílias não podem nem devem substituir a escola.