Movimento para o Socialismo enfrenta direita golpista na Bolívia (MAS)

ELEIÇÕES Estão marcadas para 18 de Outubro eleições presidenciais na Bolívia e o candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), Luís Arce, vai enfrentar nas urnas a direita golpista que derrubou Evo Morales em Novembro do ano passado.

Bolívia vive grave situação política, económica, social e sanitária

Depois do golpe de Estado de Novembro de 2019, a Bolívia enfrenta tempos difíceis e as escolhas que se colocam aos bolivianos, no quadro das eleições presidenciais de 18 de Outubro, são claras – a política democrática e progressista e a política repressiva e neoliberal.

De um lado está Luís Arce, candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), com uma proposta de unidade e consenso, focada em tirar o país da crise política, económica e social com propostas de equidade e interculturalidade, de retoma do desenvolvimento soberano.

Arce, ex-ministro boliviano da Economia, considera que existe hoje no seu país um retorno ao modelo neoliberal e critica o governo golpista no poder em La Paz pela ausência de soluções para resolver a crise. «O que vemos é a reposição do modelo neoliberal. O programa deste executivo é uma farsa. Não apresenta qualquer solução para o problema económico, é só demagogia eleitoral», denuncia Arce.

Entre as suas propostas de campanha, o MAS assegura que combaterá a pobreza, a fome e o desemprego, além de recuperar a institucionalização cultural, como já aconteceu durante os anos de governação de Evo Morales (2006-2019), quando o país atingiu os seus índices máximos de desenvolvimento económico e social.

De outro lado estão os partidos de direita, «com as suas doutrinas neoliberais, que tentam separar o Estado dos assuntos económicos e jurídicos e também procuram mercantilizar todos os recursos do país, tanto naturais (em especial as reservas de gás natural e o lítio) como humanos».

Neste segundo grupo de candidatos estão o ex-presidente Carlos Mesa (Partido Comunidade Cidadã), Luís Fernando Camacho (Criemos), Jorge Quiroga (Liberdade e Democracia) e Chi Hyun Chung (Frente para a Vitória). A presidente de facto da Bolívia, a golpista Jeanine Áñez (Aliança Juntos), desistiu há dias da sua candidatura presidencial, face ao fraco apoio popular de que goza, e apelou à convergência das forças da direita contra o MAS.

Até agora, Luís Arce lidera sondagens e estudos de opinião, à frente de Carlos Mesa. O candidato do MAS considera mesmo que poderá ganhar a presidência logo na primeira volta da votação, mas alerta para possíveis fraudes eleitorais e instou a garantir a maior transparência no escrutínio do próximo dia 18.

O ex-presidente boliviano Evo Morales qualificou de gravíssima a crise económica no seu país e considerou que a única maneira de reverter a situação é votar por Luís Arce nas eleições presidenciais de meados deste mês. «A crise económica na Bolívia é gravíssima e gerou mais de um milhão de novos pobres», escreveu.

Forçado a viver actualmente como refugiado político na Argentina, acrescentou que também se aprofundaram os índices de pobreza extrema. «Só Arce pode tirar-nos desta terrível situação», insistiu.

Morales foi derrubado do poder em Novembro do ano passado, num golpe de Estado apoiado por Washington e aliados e pela direita boliviana, que desde então impuseram um governo de facto encabeçado por Jeanine Áñez. A governação dos golpistas tem-se caracterizado, a par do descalabro económico que a pandemia de COVID-19 agrava, pela repressão policial do movimento popular e pela perseguição judicial de apoiantes do MAS.




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