Conselho de Segurança da ONU rejeita proposta dos EUA contra Irão

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou prolongar o embargo de armas ao Irão e apenas dois dos 15 membros do organismo votaram a favor da proposta dos Estados Unidos, que já ameaçaram com represálias.

A delegação norte-americana tentou fazer aprovar no dia 14 um projecto de resolução para estender de forma indefinida o embargo de armas ao Irão, que terminará em Outubro próximo.

A China e a Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança e com direito a veto, opuseram-se a esse projecto apresentado pelos EUA. Onze países, entre os quais Alemanha, Reino Unido e França, abstiveram-se. Só a delegação norte-americana e a da República Dominicana votaram a favor.

Após a votação, o representante permanente da China na ONU, Zhang Jun, disse que o resultado da votação «mostra uma vez mais que o unilateralismo não tem apoio e que a intimidação fracassará».

Por sua parte, a delegação russa sublinhou que sistematicamente se tem oposto às tentativas de impor através do Conselho de Segurança um embargo de armas ao Irão. Referindo-se ao projecto patrocinado pelos EUA, considerou que existem alternativas às ameaças e à chantagem, à confrontação e à coacção, pois uma solução mutuamente aceitável assenta no campo das acções multilaterais tendo em conta as preocupações legítimas de segurança de todos os actores regionais.

Do ponto de vista de Moscovo, está na hora de começar um amplo diálogo que abarque todas as partes interessadas visando reduzir as tensões e procurar decisões pragmáticas baseadas em compromissos. Todas as preocupações podem resolver-se se tratarmos as posições dos outros com a devida consideração e responsabilidade, destacou a missão da Rússia na ONU.

Depois de conhecer o resultado da votação, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, criticou a decisão do Conselho de Segurança e reiterou os ataques contra o Irão.

Também o presidente Donald Trump reagiu e ameaçou com represálias, afirmando que provavelmente não participará na conferência proposta pelo seu homólogo russo, Vladimir Putin, para debater a questão iraniana.

Putin propõe cimeira

O presidente russo propôs que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – EUA, Rússia, China, Reino Unido e França –, mais a Alemanha e o Irão, se reúnam em cimeira para tratar das crescentes tensões em torno do prolongamento do embargo internacional à venda de armas a Teerão.

Apesar da oposição de Trump, a Rússia mantém a proposta de uma reunião por vídeo-conferência e exortou Washington «a examinar novamente as vantagens de tal cimeira».

Para o presidente do Irão, Hassan Rouhani, a rejeição maioritária do projecto de resolução apresentado pelos EUA é um grande êxito para o seu país no plano internacional. É a primeira vez que os norte-americanos propõem uma resolução no Conselho de Segurança e só um pequeno país vota a favor, expressou o dirigente iraniano.

As tensões entre Washington e Teerão começaram a aumentar a partir de 2018, quando Trump decidiu a retirada dos EUA do chamado Plano de Acção Integral Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês) e impôs de novo sanções unilaterais ao Irão.

Este abandono norte-americano do tratado assinado inicialmente em 2015 pelos EUA (durante a presidência de Barack Obama), Irão, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e União Europeia foi amplamente rejeitado pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas.

No começo deste ano, forças dos EUA liquidaram, num ataque com drones no aeroporto de Bagdad, o general iraniano Qassem Soleimani, o que colocou os dois países à beira de uma confrontação militar.

Neste complexo cenário, Washington continua a exortar outros subscritores do convénio a não respeitar o JCPOA e leva a cabo uma forte campanha internacional para desacreditar o governo do Irão e atacar o seu programa nuclear com fins pacíficos.




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