Mais sanções contra Cuba apesar da rejeição mundial
SANÇÕES Os estados de África, Caraíbas e Pacífico instaram o fim de sanções impostas aos seus membros por Washington, que escolheu a ocasião para aumentar ainda mais os «castigos» ilegais contra Cuba.
Países de África, Caraíbas e Pacífico exigem o fim das sanções a Cuba
Precisamente quando uma organização que agrupa 79 países de três continentes defendeu o fim das sanções contra os seus membros, Cuba recebeu uma nova série de «castigos» impostos pelos Estados Unidos. O tema foi tratado no comunicado final de uma cimeira virtual realizada no dia 4 pela Organização de Estados de África, Caraíbas e Pacífico (OACPS) para debater as consequências da pandemia de COVID-19.
O texto pede «o cessar das sanções contra os seus membros, já que as sanções dificultam ainda mais a protecção dos seus países e das populações face à pandemia».
Cuba integra a OACPS mas foi impedida de participar no fórum por vídeo-conferência por estar impedida de aceder à plataforma norte-americana Zoom, utilizada para os debates.
Esta medida obedece ao bloqueio económico, comercial e financeiro que sofrem os cubanos desde há seis décadas, lembrou a embaixadora cubana na Bélgica, Norma Goicochea, numa carta à presidência da organização multilateral.
A diplomata precisou que o bloqueio norte-americano também «viola o direito da ilha caribenha de participar nos fóruns internacionais em formato virtual, atendendo a que a maioria das plataformas utilizadas provêm dos EUA». Além disso, «viola o princípio da igualdade soberana dos Estados, consagrado na Carta das Nações Unidos», sublinhou.
200 entidades sancionadas
Enquanto a OACPS debatia «a construção da resiliência através da solidariedade global» para enfrentar as consequências da pandemia, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciava em Washington novas sanções contra Cuba.
As medidas unilaterais afectam três hotéis, dois centros de mergulho, um parque marinho para turistas e a instituição financeira Fincimex, que agora não poderão realizar negócios com empresas ou cidadãos norte-americanos.
O novo ataque eleva a mais de 200 as entidades cubanas sancionadas por Washington, entre elas empresas, sociedades anónimas, a Zona Especial de Desenvolvimento Mariel, vários ministérios e numerosas instalações turísticas.
As sanções dadas a conhecer por Pompeo foram rejeitadas pelo ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodriguez, que denunciou terem sido desenhadas para afectar as famílias cubanas. Além disso, qualificou de vergonhoso e criminoso o recrudescimento do bloqueio durante a Covid-19, pandemia que dominou a cimeira da OACPS.
O fórum abordou de maneira específica o impacto da actual crise sanitária sobre «a saúde humana e os efeitos disruptivos numa economia mundial interconectada».
O documento introdutório do debate defende que a enfermidade mudou o mundo e exacerbou as desigualdades sociais. Por isso, aponta, «requer uma resposta coordenada e inclusiva e esforços de recuperação para construir economias e sociedades que sejam saudáveis, equitativas, seguras, limpas e resistentes».
O texto indica que a pandemia afectou todas as economias, sobretudo no que diz respeito a preços de produtos básicos, receitas fiscais e de divisas, fluxos financeiros, cadeias de abastecimento de alimentos, turismo, indústrias e mercados laborais.
A cimeira teve lugar no meio de dificuldades enfrentadas pela maioria dos sistemas de saúde nacionais, em especial por carência de equipamentos médicos e de protecção, kits de teste e outros meios «que têm grande procura em todo o mundo e são difíceis de obter».
A cimeira propôs-se tratar da situação actual «com um olhar particular nos seus efeitos e consequências», analisar as oportunidades para respostas imediatas à pandemia e identificar medidas para a solidariedade e acção global».
O tema central da cimeira da OACPS foi «Ultrapassar a pandemia de Covid-19: construindo resiliência através da solidariedade global».