França: CGT propõe semana de 32 horas, patrões falam em alargá-la «até 72 horas»
Em pleno combate mundial contra a pandemia de COVID-19, em França, no momento em que arranca a fase de desconfinamento e de recomeço das actividades laborais, o patronato e partidos da direita querem acabar com o limite de 35 horas semanais e obrigar os trabalhadores a trabalhar mais, falando já em «até 72 horas».
Neste contexto, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) de França, propôs a redução da jornada laboral das 35 horas semanais para 32 horas, de forma a contribuir assim para travar o desemprego.
Através do seu Secretário-geral, Philippe Martinez a CGT apresentou a sua proposta na terça-feira, 12, em Paris, como alternativa às pretensões do Movimento de Empresas de França (Medef), entidade representante do grande patronato, e do partido conservador Os Republicanos (LR), de acabar com «as grilhetas das 35 horas» e trabalhar mais «para apoiar a recuperação económica e a criação e um crescimento adicional».
Martinez disse não entender a lógica de pedir aos que têm um emprego que trabalhem mais horas para desse modo dar trabalho a quem o não têm. «Isso não é possível», enfatizou.
«Se queremos reduzir o desemprego, se queremos que todos trabalhem, especialmente os jovens, que estão muito afectados pela paralisação, não devemos aumentar o tempo de trabalho, mas diminuí-lo», afirmou o dirigente sindical.
Na mesma linha, Martinez denunciou, sem mais pormenores, os «abusos» de algumas empresas que, em relação ao tempo de trabalho, estão a pressionar os seus empregados a trabalhar «até 72 horas» por semana.
De acordo com um relatório do Banco de França, divulgado no início desta semana, os dois meses de confinamento decretados no país devido à epidemia de COVID-19 provocaram uma quebra de 27 por cento da actividade económica no mês passado.
Em Abril, «depois de um mês completo de confinamento, a actividade económica chegou a um nível particularmente baixo», assinala o relatório do Banco de França, com uma taxa de utilização da capacidade de produção na indústria que passou de 77% em Fevereiro para 56% em Março e 46% em Abril.