21 de Abril de 1989 é mais que uma memória
O «impossível» é possível com a acção transformadora dos que não desistem
Passam 31 anos em que a luta pela consagração do sindicalismo na PSP deu lugar aos «secos e molhados», culminando longos anos de perseguições, castigos, destruição de carreiras. Anos árduos onde as convicções da justeza na luta pela dignidade e dignificação dos profissionais da PSP não cederam às manobras e ardis montados por um poder político (Governo Cavaco Silva) e as suas extensões na hierarquia da PSP. Foi assim que a ASPP se forjou, nasceu e desenvolveu. Honra à memória dos que verticalmente souberam assumir em quaisquer circunstâncias a luta pelo futuro.
O 21 de Abril de 1989, rompeu com as concepções profundamente reaccionárias prevalecentes sobre a existência de sindicalismo nas forças de segurança e acelerou a alteração da desconformidade relativamente ao consagrado na Constituição da República, da presença de oficiais do Exército na PSP. Foi um dia que ficou para a história e que continua a ser justamente comemorado pela ASPP. É esta matriz, esta raiz, que é a sua «marca de água» e a tornou singular e que fez com que ela se tornasse intolerável aos olhos do poder. Desde essa altura que os que se opõem, tudo têm feito para desacreditar o sindicalismo na PSP, para dividir, para trocar convicções sindicais na luta pelos direitos dos profissionais por uma visão sindical de prestação de serviços, etc, e fomentaram a proliferação de sindicatos como instrumento de desacreditação desse mesmo movimento sindical.
Não reconhecer que a realidade sócio-profissional existente hoje nas forças de segurança é diferente para melhor seria uma obtusidade. E não reconhecer que o essencial dessas melhorias se deve à luta desenvolvida pelos profissionais, em torno das estruturas sócio-profissionais, seria avolumar a obtusidade. Luta entendida como acção reivindicativa concreta, mas também entendida como proposta para a superação dos problemas. Luta e existência de estruturas que não puseram e não põem em causa o objecto das respectivas forças – garantir a segurança das populações.
Mas esta verdade, convive com o velho objectivo de desacreditar e dividir, mesmo que usando novas roupagens e instrumentos para o conseguir, onde se inclui o uso de uma linguagem que parecendo defender os interesses e aspirações dos profissionais, o que visa é empurrá-los para becos sem saída conduzindo-os à acentuação da frustração e mal-estar, abrindo caminho ao desânimo de uns (dessindicalizando-se, desistindo da luta e acentuando a crítica às estruturas em vez da crítica aos reais responsáveis pela não resposta aos problemas) ou impulsionando outros a acções aparentemente muito «prá frentex» mas que não passam de fogachos sem consequência.
A luta dos trabalhadores ao longo de dezenas de anos mostra que coragem sem projecto consequente e persistente determinação, resulta em fracasso. Como mostra que é o projecto que cimenta a coragem e a determinação. Se há coisa que a vida mostra é que não há conquistas eternas.
Trinta e um anos passados dos «secos e molhados» e saudando os que nesse processo arriscaram com coragem e determinação encetar derrubar os muros com os olhos postos do futuro, processo para o qual o PCP se orgulha de ter dado, no plano institucional, um inapagável contributo, compete na actualidade prosseguir na resposta e superação dos problemas actuais, certos de que o mundo gira e que o «impossível» é possível com a acção transformadora dos que não desistem.