Um vencedor da guerra: a Resistência

Gustavo Carneiro

Os comunistas estiveram no centro da resistência ao nazi-fascismo

Qualquer análise histórica minimamente rigorosa sobre a Segunda Guerra Mundial terá de concluir que o papel determinante na Vitória sobre o nazi-fascismo coube à União Soviética, aos povos que a constituíam, ao seu Exército Vermelho, ao seu Partido Comunista, à sua superior organização social, aos povos que a constituíam. As batalhas decisivas foram travadas a Leste e foi aí que a Alemanha nazi perdeu a esmagadora maioria das suas forças. Em Maio de 1945, foi também a União Soviética que forçou a rendição nazi-fascista no coração do Reich.

Este facto, amplamente reconhecido à época pelos próprios líderes aliados ocidentais – antes, claro, de darem início à Guerra Fria – é indesmentível, por mais despudoradas que sejam as operações de revisão histórica, tão em voga no nosso tempo.

Mas reconhecer o papel determinante – decisivo! – da URSS não significa que se perca de vista outros protagonistas dessa autêntica epopeia que foi a vitória sobre o nazi-fascismo e a era de extraordinários avanços democráticos e progressistas que abriu: os movimentos de resistência popular que, na generalidade dos países ocupados, se bateram corajosamente contra os invasores e pela liberdade dos seus povos, desferindo poderosos golpes no inimigo e libertando vastos territórios.

Unidade e combatividade

Como é evidente, os movimentos de resistência não foram exactamente iguais, como não o eram as realidades em que combatiam: das zonas ocupadas da União Soviética à França ou à Itália, da Checoslováquia à Grécia e à Bulgária, da Jugoslávia à China e à antiga Indochina, as soluções encontradas foram diversas e a amplitude das alianças sociais e políticas variou.

Em alguns destes territórios, houve diferentes organizações (com maior ou menor grau de cooperação entre si), ao passo que noutros a luta contra o invasor unificou-se sob uma única bandeira. Nuns casos, ergueram-se autênticos exércitos, que se bateram abertamente com o ocupante, sendo que outros houve em que a sabotagem, a propaganda, a greve e as acções armadas clandestinas cirúrgicas foram as tácticas privilegiadas.

Os comunistas tiveram um papel determinante na resistência ao nazi-fascismo europeu e ao militarismo japonês. Não estiveram sós, é certo, mas foram não apenas alguns dos mais bravos combatentes como grande parte dos mártires. A eles deveu-se também, em grande medida, a construção de amplos movimentos de resistência, concretizando assim, no terreno concreto da luta e em condições particularmente duras, a frente popular antifascista – que norteava a acção dos diferentes partidos comunistas pelo menos desde meados da década de 30, quando tal orientação foi claramente assumida no VII Congresso da Internacional Comunista.

Avanços profundos

Só quem nada conhecer de História pode atribuir a força e prestígio com que os comunistas saíram da Segunda Guerra Mundial a algo mais que não a contribuição ímpar que deram para o desfecho do conflito – à escala mundial, como em múltiplos países graças à União Soviética, e da resistência antifascista.

Um pouco por toda a Europa e no Extremo Oriente, os partidos comunistas – à frente de amplos movimentos populares – passavam para primeiro plano, impulsionando extraordinários avanços políticos, económicos, sociais, culturais e nacionais nunca antes experimentados pela generalidade dos povos. Tão profundos que muitos deles continuam hoje, 75 anos passados, no centro da luta de classes.




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