O futuro tem Partido!

Ângelo Alves (Membro da Comissão Política)

Munidos das decisões do Comité Central, depois do grande comício de 6 de Março e com a realização de muitas outras iniciativas de comemoração do 99.º Aniversário do Partido, o nosso colectivo partidário lança-se num importantíssimo e exaltante período da sua quase centenária História.

São exigentes os desafios colocados ao Partido e aos seus militantes

O conjunto de decisões tomadas pelo Comité Central do Partido colocam a todo o colectivo partidário uma enorme responsabilidade. As tarefas que estão colocadas às organizações e a cada um dos militantes do Partido são exigentes. A situação em que as vamos concretizar, deveras complexa, torna-as ainda mais desafiadoras da nossa capacidade de organização, intervenção e realização.

O contexto internacional é altamente instável e muito complexo. Sucedem-se os acontecimentos que confirmam o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e uma violenta e profundamente reaccionária ofensiva imperialista. Num contexto em que as várias placas tectónicas da situação internacional se movem simultaneamente, o imperialismo recorre às mais violentas armas de que dispõe para tentar manter a sua hegemonia.

Desde a guerra, ao recurso ao fascismo, passando pela avassaladora máquina de desinformação à escala mundial, por várias conspirações e pela instrumentalização de problemas reais como o surto de Covid-19, tudo é utilizado para desferir uma profunda ofensiva anti-social, contra direitos e liberdades, contra a soberania dos povos e no plano ideológico tentando incutir o medo, suscitar divisões e clivagens e retirar do horizonte a perspectiva de classe sobre as razões de fundo da situação e a necessidade da superação revolucionária do capitalismo.

A situação no nosso País reflecte, apesar de particularidades, essas tendências. As contradições entre conquistas alcançadas pela nossa luta e intervenção e a manutenção de um quadro geral de prevalência dos interesses do grande capital e de submissão à União Europeia, colocam importantes desafios num contexto em que o grande capital tenta recuperar iniciativa e projectos, nomeadamente contra o regime democrático e as conquistas de Abril, e desferir violentos ataques contra a força que resiste, impõe avanços e que preconiza a verdadeira alternativa – o PCP.

No coração da luta

As comemorações do centenário do PCP e a preparação e realização do XXI Congresso do Partido constituem em si uma poderosa resposta à situação e são factos políticos da maior importância para o presente e o futuro do País. Será no quadro de uma intensa intervenção política, de estímulo à luta, de maior ligação às massas trabalhadoras e populares, de reforço da nossa organização e da reafirmação do nosso projecto e ideais que preparamos o Congresso e comemoraremos os nossos 100 anos de luta.

E é neste contexto que iremos ao coração dessa luta: constituiremos 100 novas células de empresa, lá onde se trava o combate principal do nosso tempo; responsabilizaremos mais quadros e estruturaremos melhor o Partido, para estarmos lá onde estão as massas; insistiremos na formação ideológica para ganhar armas para os combates que se seguem; discutiremos a importância da quota do Partido e realizaremos uma grande campanha de fundos, porque fomos, somos e seremos o Partido dos trabalhadores, independente dos interesses do grande capital, um Partido autónomo e revolucionário.

É com este profundo sentido de sabermos exactamente o que queremos e do que necessitamos que, com determinação e confiança, nos enchemos de orgulho e sentimos a arrebatadora alegria de podermos ser os obreiros e protagonistas de um período exaltante da nossa quase centenária História. É uma grande responsabilidade! Mas é sobretudo uma verdadeira honra dar seguimento à luta de gerações e gerações de camaradas e poder afirmar que com a nossa acção colectiva no presente, o futuro tem Partido!

Vamos a isto!




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