14.º Congresso deu mais força à CGTP-IN, à unidade e à luta
ORGANIZAÇÃO O balanço positivo da actividade do movimento sindical unitário nos últimos quatro anos justificou a audácia e a confiança dos delegados ao definirem as linhas de intervenção até 2024.
Aquilo que une os trabalhadores é a sua condição de explorados
No final dos dois dias de trabalhos, Isabel Camarinha, Secretária-geral da CGTP-IN, eleita na primeira reunião do Conselho Nacional que vai dirigir a confederação no próximo quadriénio, sintetizou sob fortes aplausos o que ia no espírito dos mais de 700 delegados e que se tinha já ouvido em oito dezenas de intervenções: «Encerramos o nosso 14.º Congresso mais fortes, mais determinados, mais confiantes» e «unidos no nosso projecto sindical de classe e de massas, ancorados nos nossos princípios de unidade, democracia, independência e solidariedade».
«Saímos deste Congresso fortalecidos, com grande e genuína abertura para dinamizar a unidade na acção, com todos os que trabalham no nosso País, sejam eles de que nacionalidade forem, tenham que credo religioso tenham e mesmo com os que nenhum têm, votem em que partido votarem, porque aquilo que nos une é a nossa condição de explorados, é o facto de sermos trabalhadores», enfatizou Isabel Camarinha, que, em 2016, foi eleita presidente da Direcção Nacional do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritório e Serviços de Portugal (CESP, do qual foi dirigente desde a sua criação, em 1998, prosseguindo responsabilidades assumidas em 1991 no Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritório e Serviços de Lisboa) e, no seguimento do 13.º Congresso da CGTP-IN, integrou a Comissão Executiva da central.
Preparação
sem parar
A reunião magna da Intersindical Nacional, realizada no ano em que se assinala o cinquentenário da sua fundação, decorreu no Pavilhão Municipal da Torre da Marinha (Seixal), nos dias 14 e 15, sob o lema «Lutar, avançar nos direitos, valorizar os trabalhadores, por um Portugal com futuro».
«Em simultâneo com a intensa luta que desenvolvemos», o Congresso «foi preparado ao longo de meses, com ampla discussão das orientações e resoluções que aqui há pouco aprovámos, nos sindicatos, nas uniões, nas federações, com os dirigentes e delegados sindicais, com os trabalhadores e em estreita ligação com a realidade vivida diariamente nos locais de trabalho, com a resolução dos problemas e a resposta às reivindicações que os assalariados exigem», assinalou Isabel Camarinha.
Esse trabalho de preparação do Congresso produziu efeitos nos documentos colocados à discussão dos delegados, contemplando diversas alterações aos projectos iniciais do Conselho Nacional, como observou João Torres, sábado à tarde, antes das votações.
Em nome da Comissão de Redacção, deu conta de que a Carta Reivindicativa não suscitou no Congresso nenhuma proposta de modificação.
Quanto ao Programa de Acção, informou que, das propostas de alteração recusadas, muitas estão contempladas nos documentos. João Torres explicou com detalhe os motivos por que não foram aceites propostas subscritas por alguns sindicatos e que, colocadas à votação na especialidade, foram reprovadas por clara maioria. Na votação final, o Programa de Acção foi aprovado pela maioria dos delegados, registando-se apenas um voto contra e 56 abstenções. Anunciado este resultado, todo o Congresso se ergueu numa prolongada ovação, repetindo «CGTP unidade sindical».
Por unanimidade foram igualmente aprovados: a Carta Reivindicativa, o Relatório de Actividades 2016-2020, duas resoluções e seis moções.
A festa da unidade ganhou ainda mais energia e alegria na sessão de encerramento, quando foram apresentados os 147 elementos do Conselho Nacional (55 dos quais integram este órgão pela primeira vez), eleitos na noite de sexta-feira, numa lista única, apresentada pela direcção cessante, que recebeu mais de 94 por cento dos votos.
Resposta em marcha
aos grandes desafios
Isabel Camarinha reafirmou a determinação de «desenvolver e intensificar a acção reivindicativa e a luta, nas empresas e serviços», sublinhando a importância de, para isso, «reforçar a nossa organização», com as metas redefinidas no Congresso, porque os objectivos estabelecidos para o período 2016-2020 foram ultrapassados «numa dimensão que nos levou a alterar a proposta que tinha sido aprovada pelo Conselho Nacional».
Como se refere no Relatório de Actividades e como realçou Arménio Carlos, na sua intervenção de abertura como Secretário-geral, aos sindicatos da CGTP-IN aderiram nestes quatro anos mais de 114 683 trabalhadores, «que se juntam às muitas centenas de milhares que têm na CGTP-IN a sua organização sindical de classe para defender e conquistar direitos e promover a acção para a transformação». A meta traçada no 13.º Congresso era de 110 mil novos associados.
«Será com a nossa acção, intervenção e luta que poderemos alcançar os objectivos, que hoje aprovámos, de 120 mil novas sindicalizações e eleição de 13 mil delegados sindicais e de 1750 representantes para a Segurança e Saúde no Trabalho», afirmou Isabel Camarinha, notando que «estamos já a dar resposta» aos «grandes desafios» colocados para «aumentar e intensificar a acção reivindicativa e a luta».
A par das «muitas lutas que estão já decididas pelos trabalhadores da Administração Pública e do sector privado, aqui anunciadas em tantas intervenções», a Secretária-geral recordou as acções de âmbito nacional que vão ter lugar nos próximos meses: as comemorações do cinquentenário da CGTP-IN, a «Semana da Igualdade» (2 a 6 de Março), a manifestação nacional de jovens trabalhadores (26 de Março), as comemorações populares dos 46 anos da Revolução de Abril e um «grandioso 1.º de Maio de luta, de convergência de todas as lutas».