Iraque exige retirada das tropas dos EUA

O primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi, solicitou ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que envie ao seu país uma delegação para encontrar formas de cumprir a resolução do parlamento de Bagdad que pediu a retirada das tropas norte-americanas.

Numa conversa telefónica entre os dois dirigentes, Mahdi acusou os EUA de violarem os acordos bilaterais e disse que o Iraque rejeita todas as violações da sua soberania, incluindo o ataque norte-americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani e o líder iraquiano das Forças de Mobilização Popular, Abu Mehdi al-Muhandis. Rejeita igualmente que o Irão tenha lançado 22 mísseis contra bases albergando militares norte-americanas situadas no Iraque.

Os EUA rejeitaram já a decisão e o pedido iraquiano, desrespeitando uma vez mais e de forma frontal a soberania deste país. O secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, anunciou que «não há nenhuma decisão definitiva de abandonar o Iraque», sendo secundado pelo chefe do estado-maior conjunto, general Mark Milley.

Calcula-se que estejam actualmente em território iraquiano cerca de 5200 militares norte-americanos. Em 2011 os EUA retiraram do Iraque parte das suas tropas de ocupação, mas regressaram em 2014 a «convite» do governo de Bagdad, para «ajudar» as forças iraquianas a combater o «Estado Islâmico», grupo terrorista criado e financiado por Washington e aliados, para intervir onde os interesses imperialistas o exijam.

Comunistas do Iraque exigem
respeito pela soberania do país

Os comunistas iraquianos apelaram ao respeito pela soberania nacional do Iraque e afirmaram que o seu país não deve ser usado como campo de batalha pelos Estados Unidos contra o Irão.

Depois de ter condenado os ataques dos EUA no Iraque, num comunicado a propósito da retaliação iraniana com mísseis contra as bases militares norte-americanas de Ain al-Assad, em Anbar, e Harir, em Erbil, no Iraque, o Partido Comunista Iraquiano (PCI) pediu o fim das «flagrantes violações» da soberania do país, tendo em vista a segurança e a paz das populações.

Registou-se uma escalada da tensão no Médio Oriente, em especial no Irão e no Iraque, depois de os EUA terem assassinado o general Qassem Soleimani, um dos mais importantes dirigentes iranianos.

O PCI manifestou-se firmemente contra a utilização do Iraque como arena para ajustes de contas e operações de retaliação e denunciou a ausência de esforços sérios para impedir as violações de soberania por parte do governo iraquiano, dividido e enfraquecido após meses de protestos contra as políticas económicas e sociais.

Os comunistas iraquianos consideram que «devem ser respeitadas as aspirações do nosso povo a ser o dono do seu próprio destino, sem pressões, ameaças e interferências externas nos seus assuntos internos». O Iraque sofreu a imposição de brutais sanções e de guerras pelos EUA, incluindo a invasão e ocupação por tropas dos EUA e aliados, em 2003, que provocaram centenas de milhar de vítimas, prejuízos incalculáveis e a desestabilização de toda a região, agravada pela criação de organizações terroristas como a Al-Qaida e o «Estado Islâmico».

Os comunistas iraquianos alertam para o perigo do retorno desses tempos «cheios de tragédias e desastres» e reafirmam que os iraquianos devem construir o seu próprio caminho sem violência, corrupção e poder sectário.

Avião derrubado

O avião de uma companhia aérea da Ucrânia caiu no dia 8 perto do aeroporto internacional de Teerão, tendo morrido 176 pessoas. O Irão assumiu as responsabilidades do derrube do aparelho, atingido por um míssil disparado por engano. Embora ainda estejam por apurar todas as suas circunstâncias desta catástrofe, esta deu-se poucos minutos depois do começo da retaliação com mísseis, pela Guarda Revolucionária Islâmica, contra bases militares dos EUA no Iraque.

«A investigação interna das forças armadas concluiu que, lamentavelmente, mísseis disparados por erro humano causaram o horrível sinistro do avião ucraniano e a morte de 176 pessoas inocentes», declarou o presidente do Irão, Hasán Rohani.

Além de 82 iranianos, viajavam no avião 63 canadianos, 11 ucranianos, 10 suecos, quatro afegãos, três britânicos e três alemães.




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