Quase dois milhões de franceses rejeitam nas ruas reforma das pensões

PROTESTO Mais de um milhão e 800 mil pessoas manifestaram-se em França, na terça-feira, 17, contra a reforma das pensões, anunciou a Confederação Geral do Trabalho (CGT), uma das principais organizadoras do protesto.

CGT diz que greve só termina quando governo retirar proposta

Em Paris e em outras cidades de França, entre as quais Marselha, Lyon, Toulouse e Nice, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas na terça-feira, 17, exigindo a anulação da iniciativa de reforma do sistema de pensões apresentada pelo governo, que enfrentou o décimo terceiro dia de greves convocadas pelos sindicatos rejeitando o projecto.

Tratou-se da terceira grande manifestação popular contra a reforma das pensões desde o começo do movimento grevista, tendo havido uma no primeiro dia, a 5 de Dezembro, e outra no dia 10, ambas com grande participação.

Os mais recentes desfiles dos grevistas decorreram em geral de forma pacífica, mas a polícia montou fortes dispositivos de segurança, com blindados anti-distúrbios incluídos, e as autoridades anunciaram a detenção de uma trintena de manifestantes. O Ministério do Interior estimou em 600 mil o número de manifestantes, em toda a França, mas a CGT fala do triplo – um milhão e 800 mil pessoas.

Há muitas expectativas em relação ao impacto dos protestos no governo, que insiste em impor para o cálculo das pensões um sistema universal de pontos, rejeitado pela maioria dos sindicatos franceses. O primeiro-ministro, Edouard Philippe, convidou as organizações sindicais e patronais para uma nova ronda de diálogo.

A greve, com forte adesão de trabalhadores de diversos sectores, tem causado, desde o seu início, no dia 5, severas perturbações nos transportes públicos, com escassos comboios internacionais, regionais e inter-urbanos a circular e o metro parisiense quase parado.

A crise e a intransigência do poder em retirar uma proposta fortemente impopular põem em perigo a celebração das festas do Natal e do Ano Novo. À paralisação dos transportes colectivos juntou-se nos últimos dias a ameaça de falhas no abastecimento de combustíveis, ainda que o governo afirme que dispõe de reservas suficientes de gasolina e gasóleo.

Edouard Philippe reiterou que o objectivo do seu governo é eliminar os 42 regimes diferentes de pensões e encontrar um «equilíbrio» que seria alcançado com uma idade de referência para a reforma de 64 anos. Para receber a pensão por inteiro, um trabalhador teria de estar no activo até essa idade, ainda que pudesse, com perda de benefícios, aposentar-se aos 62, até agora a idade oficial para a reforma.

A questão da idade de referência aos 64 anos desencadeou o descontentamento dos sindicatos filiados na Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), reformista, que se juntou agora ao movimento grevista.

A CGT, por seu lado, encabeça o sector firme no repúdio à eliminação dos regimes especiais. De acordo com o seu secretário-geral, Philippe Martínez, se o governo não retirar o projecto, a greve prosseguirá. Igual posição de rejeição da reforma do sistema de pensões, uma promessa eleitoral do presidente Emmanuel Macron, assumiram as forças políticas da esquerda, como o Partido Comunista Francês.




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