O anticomunismo promove o fascismo
As instituições da UE, estando como estão nas mãos do capital monopolista, são de forma cada vez mais evidente parte integrante de uma estratégia que, nas condições actuais, passa pelo recurso à carta fascista. O anticomunismo é, como sempre foi, ponta de lança nessa estratégia.
Se a repugnante Resolução anticomunista recentemente aprovada no PE é o mais vivo testemunho desse facto, ainda mais clara fica a questão se recordarmos antecedentes desse documento. Nomeadamente duas Resoluções da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa: a Resolução 1096 (Medidas para o desmantelamento da herança de anteriores regimes totalitários comunistas, 1996) e a Resolução 1481 (Necessidade de condenação internacional dos crimes de regimes totalitários comunistas, 2006). A comparação do teor dessas Resoluções e das votações de que foram objecto (incluindo a de 2019) é elucidativa. Seja na dimensão da falsificação histórica e na radicalização do objectivo pretendido em que a criminalização - sempre central - passa da «responsabilização individual» em 1996 para, em 2006, a de «regimes» no seu conjunto e de uma ideologia (o marxismo-leninismo) e para a criminalização global de um percurso histórico em 2019. Seja no teor cada vez mais violento do discurso de ódio com que se formulam. Seja na evolução do sentido de voto dos socialistas europeus, que votaram contra na Assembleia Parlamentar de 2006 e votaram a favor no PE em 2019. Seja na desfaçatez dos fascistas participantes, que votam pela atribuição aos comunistas de crimes que caracterizam o seu currículo histórico e o seu projecto presente. Têm toda a razão: esta estratégia é uma das responsáveis por que a extrema-direita e os fascistas representem hoje no seu conjunto a 3.ª força no PE.