Cuba: resistência ao bloqueio implica alternativas para o desenvolvimento

BLOQUEIO Apesar do cerco imposto pelos EUA, Cuba fala em subir exportações, em desenvolvimento e em modernização, temas tratados durante a visita, em Outubro, do presidente cubano à Bielorússia, Azerbaijão e Rússia.

Apesar das dificuldades, Cuba aspira encerrar 2019 a crescer

Em Minsk, o presidente Miguel Diaz-Canel manteve conversações com o homólogo bielorusso, Alexander Lukashenko, e os dois estadistas assinaram uma declaração conjunta em que é reafirmada a rejeição da Bielorússia ao bloqueio dos EUA contra Cuba.

Em Baku, onde o presidente de Cuba assistiu à XVIII Cimeira do Movimento dos Países Não-Alinhados (MNOAL), na qual tomaram parte altos dirigentes de 120 países, Díaz-Canel denunciou os ataques do império e falou de solidariedade no mundo. Propôs aos participantes da cimeira, que decorreu a 25 e 26, que alinhem – «não pela guerra mas pela paz, não por hegemonismos mas pelo multilateralismo, não pela ingerência mas pela soberania». E apelou à unidade do MNOAL, lembrando que chegou a Baku após percorrer 11 300 quilómetros, rompendo o cerco do bloqueio, que nos últimos meses recrudesceu brutalmente.

São Petersburgo foi palco do estreitar de relações entre Cuba e uma região muito ligada à cooperação económica, comercial, científica e cultural com a ilha. Encontros com entidades oficiais e com empresários russos foram ocasiões para abordar o reforço da cooperação económica, por exemplo na esfera farmacêutica, com a perspectiva de instalação de fábricas em Cuba e a comercialização na Rússia de produtos farmacêuticos e biotecnológicos do país caribenho.

Duas ideias inovadoras surgiram no encontro de Díaz-Canel e homens de negócios: a possibilidade da participação de Cuba num sistema que a Rússia está a pôr em prática de pagamentos internacionais, alternativo ao sistema Swift, face às sanções e represálias de Washington; e a proposta de créditos em rublos e pagamentos nessa moeda nas transacções entre Moscovo e Havana, que colaboram neste momento, entre outros sectores, na reparação e modernização do sistema ferroviário cubano, um projecto de quase mil milhões de euros.

«Vamos continuar,
sem concessões»

«A Rússia é um dos principais aliados estratégicos de Cuba e tem uma efectiva participação, com empresas e entidades comerciais e financeiras, no programa de desenvolvimento económico do nosso país», revelou Díaz-Canel.

«Neste momento, enfrentamos um recrudescimento do bloqueio e a perseguição financeira dos EUA. Quase todas as semanas se aplicam mais sanções contra Cuba e a administração do presidente Donald Trump informa sobre novas medidas punitivas», destacou o presidente cubano.

«Anunciam-se restrições às viagens de norte-americanos e cubano-americanos a Cuba, limita-se o envio de remessas, acabam-se com intercâmbios de cruzeiros turísticos e fazem-se advertências e pressões contra entidades e empresas que comerciam com Cuba», especificou.

Além disso, «activou-se o capítulo III da Lei Helms-Burton que internacionaliza as agressões da Casa Branca e, neste momento, o esforço centra-se em cortar todo o tipo de fornecimento de combustível, chegando a Cuba apenas 30 por cento do necessário».

Apesar das dificuldades, garantiu o presidente de Cuba, «aspiramos encerrar o ano com um crescimento do Produto Interno Bruto de um por cento». E mais: «Vamos continuar sem nenhuma concessão ao governo norte-americano, não nos vamos deixar amedrontar, preservamos os interesses de todas as empresas estrangeiras que trabalham em Cuba, não aceitamos a Lei Helms-Burton».

Com o périplo de Miguel Díaz-Canel pela Bielorússia, Azerbaijão e Rússia, Cuba confirmou que, longe de amedrontar-se ou ceder, procura soluções para as restrições e diversificar os caminhos para o desenvolvimento.




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