Grande comício no Seixal de um Partido confiante e combativo
SEIXAL «Estamos cá com o mesmo empenhamento de sempre para intervir, lutar e avançar, com a luta dos trabalhadores e do povo, na solução dos problemas do País, e pela concretização da política que verdadeiramente pode dar resposta aos problemas nacionais, a política patriótica e de esquerda», afirmou Jerónimo de Sousa perante centenas de participantes no comício realizado no sábado, 26, no Seixal.
O PCP vai contar para fazer avançar as condições de vida e o desenvolvimento do País
O comício foi dirigido por João Martins, da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP (DORS) e da Comissão Concelhia do Seixal, que surgia acompanhado na mesa por Erica Ribeirinho (da Direcção Nacional da JCP), José Carlos Gomes (da DORS e da CC do Seixal), Paula Santos (deputada e membro do Comité Central), Antónia Lopes (do Comité Central e da DORS), Margarida Botelho (da Comissão Política), José Capucho e Francisco Lopes (do Secretariado e da Comissão Política) e Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP.
Ao abrir o comício, João Martins agradeceu ao conjunto musical composto por Carla Russo, Vicente Andrade e Luís Rosado, que tocaram e cantaram temas de autores portugueses, dos quais destacamos José Afonso, bem como, aos Bombeiros Mistos do Seixal, «uma saudação e agradecimento especiais pelo apoio e cedência do magnífico espaço».
Chamada a intervir, Erica Ribeirinho destacou o «belo comício cheio de força e alegria» a desmistificar a efabulação velha «que íamos desaparecer». Valorizando a realização de «quase uma centena de acções, de contacto e esclarecimento junto dos jovens» durante a campanha da Juventude CDU na região, que permitiu «ganhar cada apoio, cada voto e resistir à ofensiva que visava fazer da CDU uma força residual e descredibilizá-la junto da juventude», a jovem comunista salientou a JCP como «organização de massas, marxista-leninista e com princípios do internacionalismo proletário».
Confiante na intervenção e na luta pela defesa «da Escola Pública e o direito ao emprego com direitos, para combater a precariedade e defender a natureza e o ambiente sadio e ecologicamente equilibrado, para defender o direito à habitação e à cultura, (...) a igualdade e o direito de cada um a ser o que é», Erica Ribeirinho terminou a intervenção relembrando «a cada camarada a responsabilidade de ser o agitador na sua escola ou local de trabalho», aproveitando «cada amigo» para esclarecer e recrutar.
Denúncia, mobilização e proposta
Sem esquecer «o contexto de ataque sem precedentes ao Partido», Antónia Lopes realçou «os plenários e iniciativas de avaliação» do resultado alcançado que estão a realizar-se na região de Setúbal, assumindo a continuação da «luta para consolidar os avanços que, embora insuficientes, foram possíveis alcançar» pela determinação «do nosso Partido nos últimos quatro anos».
Ao saudar a luta empenhada das populações pela urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, dos trabalhadores da ECALMA, das Misericórdias, dos estudantes da secundária do Pinhal Novo, dos agrupamentos Augusto Louro e da Caparica, contra o encerramento dos CTT, e da greve dos professores à componente não lectiva, Antónia Lopes garantiu que «agora, é preciso avançar»: por mais barcos, mais autocarros, mais comboios, mais carreiras e mais trabalhadores; pela ponte rodoferroviária Barreiro-Lisboa; com o novo aeroporto de Lisboa, de forma faseada, no campo de tiro de Alcochete; pelo Hospital do Seixal e os centros de saúde «tão necessários às populações».
A dirigente do Partido lembrou ainda a realização, nesse mesmo dia, do Congresso da Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes/CNOD (ver páginas 14 e 15), no qual «participam inúmeras pessoas da nossa região», na afirmação dos direitos das pessoas com deficiência «por uma sociedade inclusiva». Esta enumeração mostrou o envolvimento dos comunistas no levantamento, denúncia pública e resolução de problemas dos trabalhadores e das populações, cuja resolução é sempre adiada pelos governos.
Compromissos e confiança
Jerónimo de Sousa começou por saudar as centenas de pessoas presentes no comício – «os amigos do Partido Ecologista “Os Verdes”, da Intervenção Democrática, os militantes do PCP, da JCP, a juventude CDU, os independentes», estendendo a saudação aos «trabalhadores e populações do distrito de Setúbal e a todos os que, de qualquer forma, expressaram o seu apoio à CDU e lhe deram o seu voto».
Sublinhando que «o tempo come muito a memória das coisas», o Secretário-geral do PCP, clarificou de novo a solução institucional encontrada há quatro anos e que, continuando a ser deturpada na sua natureza, marcou todo o ciclo eleitoral com «uma intensa e prolongada ofensiva política e ideológica de que foram alvo o PCP e a CDU, com impacto nos resultados». Mantendo alta a confiança de quem confiou os seus votos ao PCP e à CDU, reafirmou «que, juntamente com a luta dos trabalhadores e de outras camadas da população, nos assumiremos como uma força que vai contar para fazer avançar as condições de vida e o desenvolvimento do País».
Confirmando a confiança no futuro, os deputados do PCP, logo no primeiro dia de funcionamento da Assembleia da República (25 de Outubro), fizeram «entrar um primeiro conjunto de iniciativas legislativas que correspondem a compromissos assumidos na campanha eleitoral bem como a medidas urgentes que visam a resposta a problemas mais imediatos», desde os direitos laborais à saúde, das artes à habitação, dos transportes públicos à educação, da condição policial à redução de embalagens, da jornada semanal de 35 horas à gratuitidade da creche até aos três anos. Estas primeiras medidas – tratadas em outra peça nesta edição – destacou-as Jerónimo de Sousa, entre aplausos e vivas ao PCP, e ficaram gravadas pelas câmaras das televisões.
«Outras iniciativas se seguirão, em correspondência com os compromissos assumidos com os trabalhadores e o povo», garantiu o dirigente comunista.
Prioridade ao reforço do Partido
Referindo os 1000 trabalhadores que, no âmbito da acção dos 5 mil contactos, «aderiram ao Partido e, com eles, a criação e reforço de células e a intervenção em muitas empresas onde não se verificava, enraizando ainda mais o Partido junto dos trabalhadores», Jerónimo de Sousa convocou os militantes a continuar «este caminho» pelo reforço de cada organização, pela melhoria do trabalho de direcção, responsabilizando «novos quadros e militantes por tarefas e responsabilidades permanentes».
Precisamos de «continuar, agora ainda com mais determinação, nestes tempos que reclamam muita firmeza ideológica, muita força, disponibilidade revolucionária, muita organização e um Partido Comunista forte, determinado e convicto», realçou o Secretário-geral.
Três palavras sempre presentes
numa luta de quase um século
PCP – Intervir, Lutar, Avançar. Estas palavras destacadas no palco, em fundo vermelho, tornam mais vibrantes as iniciativas realizadas pelas organizações do Partido. Apesar de o seu uso não ser de agora, mas de sempre. Nelas encontramos a firmeza de convicções, a coragem e a confiança no futuro, que desde há quase 100 anos ligam, embora em circunstâncias distintas, todas as gerações de comunistas portugueses e seus amigos.
Quanto a quem trocou a tarde de sábado pela participação nesta acção do Partido, leva sempre a perguntar quanto vale esta intervenção, esta luta, este avançar? Os comunistas sabem-no. Os trabalhadores, os jovens e o povo português também o sabem, porque nos dias difíceis, quando lutam contra os despedimentos ou pela melhoria dos salários, é com o Partido que contam. E mal seria não considerar que o capital também o sabe. Ele, que sonha andar para trás, não perdoa a natureza de classe do PCP, que mobiliza os trabalhadores e o povo a intervirem, a lutarem e a avançarem, replicando nestes dias claros de Abril essa prática vinda da longa noite fascista.
Quem esteve no comício do Seixal sentiu a confiança tantas vezes demonstrada pelo PCP nos rostos das centenas de pessoas que tornaram pequeno o salão dos Bombeiros. Quem lá passou viveu essa confiança nas palavras de ordem PCP! PCP! e A luta continua!, nas palmas uníssonas, nos punhos erguidos, nas bandeiras comunistas, tantas vezes a cortarem intervenções que, naquele solo de rigor, debateram os problemas da região – a saúde, a educação, a segurança e outros que, vividos por todo o País, são problemas de todos; mas também as vitórias alcançadas, como a folga financeira trazida pela diminuição do custo do passe social, permitindo chegar mais longe e onde é preciso, entre outras conquistas que só pela luta foram alcançadas e só pela luta poderão ser conservadas.
Quem lá foi no sábado e há algum tempo não ia, encontrou confiante o Partido dos trabalhadores, que, de 2015 a 2019, mais avanços conseguiu porque intervém e luta ao lado do povo. E mesmo que os 332 473 votos e os 12 deputados confiados ao PCP e à CDU sejam «resultados que ficam aquém do que exigia o desenvolvimento da luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo», como disse Jerónimo de Sousa, expressam uma intensa campanha feita por mulheres e homens, jovens e menos jovens, que foi muito além das mentiras propagadas, do silenciamento da actividade, das propostas e das soluções apresentadas para as eleições legislativas.
Porque as perspectivas anunciadas pelo actual Governo minoritário do PS confirmam-se já insuficientes, grandes desafios estão colocados aos trabalhadores e ao povo, pelo que importa não desperdiçar um só dia nem um só local para levar junto dos trabalhadores e das populações as propostas, a propaganda e a imprensa do Partido. Como, aliás, aconteceu já neste comício, tão bem aproveitado pelos jovens comunistas para divulgarem melhor o jornal Agit como também para a colocação de um ponto de recolha de mais assinaturas – online ou em papel – contra o «museu» que, com papas e bolos, tem por pretensão branquear aquele que antes e depois de cair da cadeira só pode ser nomeado de fascista.