Urgente!

Margarida Botelho

À mesma hora a que o Governo do PS tomava posse, as comissões de utentes da saúde de Almada e do Seixal convocaram um protesto contra o encerramento da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta em mais um fim de semana.

Pais, avós, profissionais de saúde, muitos acompanhados dos verdadeiros utentes desta urgência, concentraram-se à porta do Hospital para denunciar a situação e exigir a sua rápida solução. A decisão de encerrar a urgência ao fim-de-semana faz a região recuar quase 30 anos, ao tempo em que não existia este Hospital e em que as crianças eram enviadas para Lisboa. Para quem acha que conhece o país de o espreitar nos mapas da google, pode parecer que é só um pulinho de Almada ou do Seixal aos hospitais de Santa Maria ou da Estefânia, para onde as crianças são encaminhadas. Mas não é, a começar pelo detalhe de existir um rio e uma ponte congestionada pelo meio, onde mesmo em situações de emergência às vezes nem as ambulâncias passam, tal é o congestionamento do trânsito, mesmo ao fim de semana. Ou pelo facto de também terem sido encerrados os serviços de atendimento permanente nos centros de saúde ao fim de semana, funcionando apenas alguns em horário de expediente.

Podia ser uma metáfora de como o país precisa de andar para a frente e não para trás. Mas não, é a vida real a impor-se a todas as considerações sobre supostas contas certas, responsabilidade e não dar tudo a todos. Fechar a urgência pediátria ao fim-de-semana, com o Governo a tentar passar entre os pingos da chuva, com o Conselho de Administração a anunciar o remendo do problema para daqui a 6 meses, é fazer o país regredir pelo menos 30 anos. Garantir serviços de saúde de qualidade, acessíveis, próximos, com profissionais especializados, é proteger as crianças, defender o Serviço Nacional de Saúde, fazer o país avançar. E isso é urgente.




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