Greve geral no Chile contra políticas neoliberais

PROTESTOS Milhares de pessoas continuam nas ruas de Santiago do Chile e de outras cidades a manifestar-se contra as políticas neoliberais de Sebastian Piñera. A violenta repressão policial causou 15 mortos e centenas de feridos.

Repressão policial dos protestos populares causaram 15 mortos

A Central Unitária de Trabalhadores (CUT) do Chile e outros movimentos sindicais e sociais convocaram para ontem e hoje (23 e 24) uma greve geral para manifestar o descontentamento popular face às medidas impostas pelo governo. Mais de 50 organizações, agrupadas no movimento Unidade Social, apoiaram a convocação da greve e destacaram que «o Chile despertou», mobilizando-se para manifestar a sua indignação e a rejeição das estruturas do modelo neoliberal vigente no país.

Segundo a CUT, o presidente Sebastián Piñera, ao declarar o estado de emergência, aprofundou uma crise social e de governabilidade sem precedentes na história do Chile. O secretário-geral da central sindical, Nolberto Díaz, anunciou que durante a greve geral os chilenos exigirão o imediato levantamento do estado de emergência e o regresso dos militares aos quartéis.

As organizações da CUT exigem também que os parlamentares do Senado e da Câmara de Deputados efectuem uma greve legislativa enquanto durar o estado de emergência. E querem a definição e implementação de um pacote de medidas económicas de urgência em matéria de direitos sociais para o povo trabalhador. Os grevistas vão propor a constituição de uma Assembleia Nacional Constituinte que elabore de maneira participativa um novo marco estrutural da sociedade chilena, abrindo espaço para um desenvolvimento que «ponha termo ao actual modelo neoliberal injusto e abusivo».

Os representantes da Unidade Social exortaram a população a rejeitar durante a greve geral as declarações de Piñera, segundo as quais a nação chilena «está em guerra». «Quem arrasta o país para uma grave confrontação não merece ser presidente do Chile, pelo que exigimos a sua renúncia», expressaram os sindicalistas da CUT na sua convocatória.

As manifestações populares, desde o dia 17 – que começaram com a contestação ao aumento do preço dos bilhetes dos transportes –, levaram às ruas de Santiago do Chile e de outras cidades centenas de milhares de pessoas. A violenta repressão policial e militar e os confrontos provocaram 15 mortos, centenas de feridos e 1500 detidos, além de gigantescos prejuízos materiais.

O presidente Sebastian Piñera, entretanto, recusou-se a levantar o estado de emergência e o recolher obrigatório em várias regiões e anunciou medidas para tentar conter os protestos populares contra as políticas neoliberais do seu governo.

Na terça-feira, 22, declarou ter ouvido as exigências da população e procurou justificar a utilização desmedida de força. Reconheceu que os problemas económicos e sociais se acumularam durante décadas, com sucessivos governos incapazes de reconhecer a situação, e pediu perdão «por esta falta de visão». Falou da construção de um «acordo nacional para impulsionar uma renovada agenda social» e anunciou medidas económicas como o aumento das pensões e a implementação de um rendimento mínimo.


Solidariedade do PCP
com PC do Chile e povo chileno

Na sequência das notícias da grave escalada repressiva que tem tido lugar nos últimos dias no Chile, contra a ampla e legítima mobilização dos trabalhadores e povo chileno, contra as medidas anti-sociais e política anti-nacional, ao serviço dos monopólios, do governo do presidente Piñera, o PCP dirigiu uma mensagem de solidariedade ao Partido Comunista Chileno.

Na carta, o PCP afirmou que, «denunciando e condenando firmemente a instrumentalização de actos de violência e as sinistras medidas de excepção e militarização da vida política – num país que conserva bem viva a memória da brutal ditadura fascista de Pinochet –, queremos transmitir-vos a solidariedade do Partido Comunista Português ao Partido Comunista do Chile e aos trabalhadores e povo chileno em luta pelos seus direitos e pela melhoria das suas condições de vida».




Mais artigos de: Internacional

EUA abandonam e destroem bases militares suas na Síria

AGRESSÃO Os EUA anunciaram a retirada de parte das suas tropas da Síria e colocaram-nas no leste do Iraque. A Turquia lançou uma operação militar no noroeste sírio e, após acordo com Washington, suspendeu a agressão.

Bolívia popular mobiliza-se para enfrentar violência da oposição

Na Bolívia, aguardava-se, na quarta-feira, 23, o anúncio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que poderia confirmar a vitória nas urnas do presidente Evo Morales e do seu Movimento para o Socialismo (MAS). O governo boliviano tem apelado à calma e a que se aguardem os resultados do TSE, enquanto sectores ligados à...

Manifestantes no Líbano exigem fim do actual regime

Os protestos anti-governamentais no Líbano prosseguiram na terça-feira, 22, pelo sexto dia consecutivo, apesar de o governo libanês ter recuado e aprovado medidas exigidas pelos manifestantes. Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas, para protestar contra a deterioração das condições de vida, a corrupção e a...