Sebastopol 1919

Manuel Gouveia

Na manhã de 19 de Abril de 1919 rebenta um motim na frota francesa que ocupava Sebastopol. As reivindicações dos marinheiros misturavam questões próprias - melhor alimentação, disciplina mais branda, melhores condições a bordo - com uma reivindicação internacionalista: fim da agressão francesa à Rússia Soviética e regresso dos navios a França.

Os marinheiros sublevados cantavam a Internacional. A mesma Internacional que cantavam os soldados do Exército Vermelho contra os quais os mandavam combater. E a poderosa Entente tremeu.

Os orgulhosos e rapaces vencedores da I Guerra Mundial enfrentavam um inimigo novo. Haviam derrotado e humilhado o seu concorrente imperialista na disputa pelo privilégio de explorarem outros países e povos. Tinham conseguido enganar os «seus» operários e camponeses e levá-los a matar e morrer para que uns imperialistas pudessem roubar, em vez de outros imperialistas, mercados e matérias primas. Tinham roubado e massacrados povos e culturas por todos os continentes, e vendido essa carnificina como uma acção civilizadora. Mas agora enfrentavam o Estado dos trabalhadores, que recusava render-se ou submeter-se, que lutava com uma confiança incompreensível para o Velho Mundo, e que propunha uma e outra vez a Paz entre os Povos, dirigindo-se tanto aos Senhores da Guerra como aos trabalhadores das potências que ocupavam o território soviético.

O motim foi superado, com cedências, e os amotinados acabariam presos. Outros motins lhe seguiram. Nos amotinados, à prisão sucedeu a liberdade para novos combates. As potências imperialistas foram obrigadas a recuar, para se reorganizarem é certo, mas a recuar, incapazes de usarem os seus exércitos para destruir a Rússia Soviética.

A luta continuou. Como continua. Mas há um século, na Cidade Heróica de Sebastopol, ficava demonstrado na História o quanto a Internacional é Invencível!




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