Pura e simplesmente desumano

Manuel Rodrigues

Reportando-se a dados de 2018, a UNESCO divulgou recentemente um comunicado onde refere que 258 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar, entre os 6 e os 17 anos, ou seja, um sexto da população mundial neste intervalo etário, não se encontram a frequentar uma escola, com diferenças significativas entre o que a UNESCO designa por países ricos e países pobres. Nos primeiros, apenas 2% das crianças em idade escolar primária (entre 6 e 11 anos) não estão na escola sendo de 19% nos segundos, situação que se agrava brutalmente nos níveis superiores de educação (entre os 15 e os 17 anos) onde a diferença vai dos 8% para os 61% dos jovens que não frequentam a escola.

O que a UNESCO não diz é que pelo simples facto de não possuirem qualquer nível de escolarização estas crianças e jovens vêem ser-lhes negado o direito a uma vida digna. O que a UNESCO não diz é que, por esse facto, a generalidade destas crianças e jovens vão ser empurrados para o analfabetismo, o desemprego, a indigência, o trabalho escravo, a prostituição, a toxicodependência, a delinquência juvenil, para a aceitação de maiores níveis de exploração. Vão ter uma menor qualidade de vida ou mesmo uma morte precoce, seja pelos níveis de sobre-exploração a que são sujeitos, seja pelos níveis de pobreza, de miséria e de perigo a que são expostos.

O que a UNESCO não diz é que a causa deste flagelo é o capitalismo, sistema explorador, opressor, agressivo e predador, ou seja, pura e simplesmente desumano.

O que a UNESCO não diz é que este é um problema que verdadeiramente só o socialismo pode erradicar.

Mas, se a UNESCO não diz, di-lo o PCP para quem o direito à educação assume um valor estratégico e por isso o inscreve nos objectivos programáticos da sua acção, defendendo o direito universal à educação e ao ensino, promovendo a igualdade de oportunidades de acesso e sucesso educativo a todos os portugueses e a todos os níveis de ensino, através de uma Escola Pública, gratuita e de qualidade.




Mais artigos de: Opinião

Nós

Nós somos o PCP é o título de um vídeo publicado nas plataformas digitais do Partido (www.pcp.pt/videos/lutar-intervir-avancar-nos-somos-pcp) na madrugada da segunda-feira a seguir às eleições legislativas. Trata-se de um filme breve, com pouco mais de dois minutos, que resume muito daquilo que os «comentadores» e...

Superar insuficiências, reforçar a organização

Terminámos a mais recente batalha de um período repleto de lutas e de grande exigência para o colectivo partidário. Colectivo esse que, num contexto difícil e complexo, trabalhou com empenho e sem descanso para dar força à luta dos trabalhadores e populações, para garantir a realização de inúmeras tarefas e objectivos e, simultaneamente, dinamizar a campanha da CDU em importantes actos eleitorais.

Coerências

No afã de dizer mal, de deturpar, de falsificar, de menorizar, os pasquins do costume passam do oito ao oitenta, de uma posição à sua contrária de um dia para o outro. Se num dia o PCP era o suporte do Governo, no outro desferia-lhe os maiores ataques. Se à segunda o PCP rejeitava qualquer acordo com o PS, segundo os...

Sebastopol 1919

Na manhã de 19 de Abril de 1919 rebenta um motim na frota francesa que ocupava Sebastopol. As reivindicações dos marinheiros misturavam questões próprias - melhor alimentação, disciplina mais branda, melhores condições a bordo - com uma reivindicação internacionalista: fim da agressão francesa à Rússia Soviética e...

Médio Oriente – O puzzle

A agressão turca contra a República Árabe Síria (RAS) constitui um grave desenvolvimento na guerra de agressão contra aquele País e pode aumentar ainda mais a pressão no já de si explosivo caldeirão do Médio Oriente. Para compreender o que se está a passar é importante recordar que para levar a cabo a sua guerra de...