Coerências

João Frazão

No afã de dizer mal, de deturpar, de falsificar, de menorizar, os pasquins do costume passam do oito ao oitenta, de uma posição à sua contrária de um dia para o outro.

Se num dia o PCP era o suporte do Governo, no outro desferia-lhe os maiores ataques. Se à segunda o PCP rejeitava qualquer acordo com o PS, segundo os melhores jornais de referência, à terça, já anunciavam que o PCP estava disponível para entendimentos.

Se para uns o PCP era o principal obstáculo à reedição da anterior solução governativa, outros acusavam o PCP de ser muito brando com o PS.

Fingem não saber que o PCP diz hoje o que sempre disse e, designadamente, o que disse, de forma sistematizada, no seguimento das eleições de 2015.

O PCP não é um catavento à procura das melhores brisas para se situar.

Em 2015 dissemos que não desperdiçaríamos nenhuma oportunidade para garantir a reposição, defesa e conquista de direitos e rendimentos para os trabalhadores e para o povo. Foi exactamente essa uma das questões centrais que o grande capital não nos perdoou.

Dissemos que mantínhamos toda a independência de decisão sobre cada uma das propostas do governo e sobre elas ajuizaríamos de acordo com os seus conteúdos.

Afirmámos que a duração do Governo dependeria da política concreta que viesse a praticar.

Dizemos hoje exactamente o que andamos a dizer há anos.

Quantas vezes fomos questionados, antes das eleições, se haveria a reedição da solução política encontrada há 4 anos? De todas as vezes se respondeu que as circunstâncias eram diferentes.

Quantas vezes perguntaram sobre se o PS podia contar com o PCP para formar maiorias? Sempre se reafirmou o critério de aprovar tudo o que de positivo o PS apresentar e de dar combate ao que de negativo vier a lume.

Quantas vezes procuraram que assumíssemos ou anunciássemos compromissos? Tantas quantas lhes dissemos que o nosso compromisso primeiro é com os trabalhadores e com o povo português e que é esse que vamos cumprir até ao fim. Custe o custar.




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