Razões de classe!
Mesmo admitindo que em campanha eleitoral há alguns a quem foge o pezinho para elaborar a realidade da forma que lhe dá mais jeito, e mais votos, claro, não é por António Costa e Catarina Martins gritarem mil vezes que foi tão bom aumentar as reformas e pensões, que os factos do que aconteceu ao longo da legislatura que agora acaba se alteram.
No seguimento das eleições legislativas de 2015, PS e BE assinaram um acordo, anexo à Posição Conjunta sobre Solução Política, em que se comprometiam a aplicar a Lei 53/B 2006.
Lá está!, dirão uns, é isso que eles andam a dizer.
Sucede que se fosse apenas isso que tivesse acontecido, as pensões não poderiam aumentar nem no primeiro ano, nem no segundo, nem no terceiro, uma vez que essa Lei diz que só haverá aumentos reais quando houver crescimento económico acima de 2% nos dois anos anteriores.
A fórmula é complexa, mas se aplicada directamente, uma vez que a economia cresceu abaixo de 2% em 2014, 2015 e 2016, os pensionistas só teriam aumentos reais em 2019.
O que não aconteceu porque houve uma força, o PCP, o Partido que defende os pensionistas e reformados, que não desistiu da sua proposta de aumento de 6 e 10 euros anuais em 3 anos consecutivos.
Dirão alguns que é pouco. Ninguém contesta.
Mas, face aos compromissos assumidos entre BE e PS, face à opção deliberada do PS de sujeitar os rendimentos dos pensionistas à ditadura do défice e de garantir que nunca falta dinheiro para a banca, mesmo que isso signifique sacrificar os mesmos de sempre, a empreitada para o conseguir exigiu da parte do PCP uma persistência e uma determinação só ao alcance dos que nunca desistem, dos que lutam sempre, dos que assumem os seus compromissos não ao sabor das modas do momento, mas das suas razões de classe.
É por isso que faz tanta confusão ouvir PS e BE vangloriarem-se pelo que não fizeram ou mesmo pelo que foi feito contra a sua vontade.
E é também por isso que é tão importante, para a vida dos reformados e pensionistas, dar mais força à CDU.