«Não nos resta outra opção se não resistir»

Fayez Ba­dawi é um velho co­nhe­cido da Festa do Avante!, um in­can­sável com­ba­tente da causa pa­les­ti­niana que leva a ban­deira da eman­ci­pação na­ci­onal e so­cial do seu povo a todos os lu­gares onde vai em re­pre­sen­tação da Frente Po­pular de Li­ber­tação da Pa­les­tina (FPLP). Face à brutal ocu­pação e opressão de Is­rael não lhe resta, nem ao povo pa­les­ti­niano, outra al­ter­na­tiva se não re­sistir. Sob todas as formas ne­ces­sá­rias, como aliás é re­co­nhe­cido no Di­reito In­ter­na­ci­onal. Foi jus­ta­mente isso que trans­mitiu em con­versa com o Avante!.

A si­tu­ação do povo pa­les­ti­niano hoje é aguda. «Is­rael pro­cura impor o seu do­mínio do Lí­bano ao Sinai [pe­nín­sula de­sér­tica sob so­be­rania egípcia]. Este é o pro­jecto si­o­nista, a re­a­li­dade», ex­plica.

Neste con­texto, Fayez Ba­dawi con­si­dera es­go­tado o pro­cesso de paz de Oslo, as­si­nado em Se­tembro de 1993 entre a Or­ga­ni­zação de Li­ber­tação da Pa­les­tina e o Es­tado de Is­rael. A jus­ti­ficar a pers­pec­tiva da FPLP está a im­pos­si­bi­li­dade com­pro­vada da con­vi­vência de dois Es­tados quando Is­rael viola todos os pres­su­postos do acordo e o Di­reito In­ter­na­ci­onal, ane­xando e ocu­pando cada vez mais par­celas do ter­ri­tório que devia estar sob tu­tela da Au­to­ri­dade Na­ci­onal Pa­les­ti­niana, pro­mo­vendo guerras, im­pondo um au­tên­tico re­gime de apartheid, a ex­pulsão e a li­qui­dação do povo pa­les­ti­niano. Tudo «com o apoio do im­pe­ri­a­lismo e das forças re­ac­ci­o­ná­rias árabes».

«As armas não nos mo­tivam. O que nos mo­tiva é poder viver em paz. Con­tudo acre­di­tamos que tal só é pos­sível num es­tado único, laico e pro­gres­sista, onde todos os ci­da­dãos, in­de­pen­den­te­mente da sua etnia e con­fissão re­li­giosa, possam viver»

Sem tré­guas

Para al­cançar a paz, o pri­meiro passo, volta a de­fender, é re­sistir. E mesmo ad­mi­tindo que a so­lução do es­tado único pre­co­ni­zada pela FPLP não é mai­o­ri­tária entre as or­ga­ni­za­ções pa­les­ti­ni­anas, re­vela que entre os pa­les­ti­ni­anos há cada vez mais jo­vens a as­sumi-la como única al­ter­na­tiva viável.

«Ao povo pa­les­ti­niano não lhe resta outra opção senão re­sistir. Os vi­et­na­mitas ne­go­ci­aram de­pois de bai­xarem as armas, ou obri­garam os ocu­pantes e agres­sores a di­a­logar jus­ta­mente porque con­ti­nu­aram a re­sis­tência?».

Outra forma de re­sis­tência é o boi­cote aos pro­dutos e ser­viços is­ra­e­litas. E Fayez Ba­dawi volta a dar um exemplo his­tó­rico para mos­trar a sua efi­cácia: «a li­ber­tação da África do Sul mostra-nos a força que pode ter esse mo­vi­mento apoiado na so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista dos povos».

Pese em­bora esta seja uma luta de sa­cri­fí­cios e so­fri­mento ini­ma­gi­ná­veis, Fayez Ba­dawi nunca se la­menta. Evi­dencia, além do mais, um ânimo e uma con­fi­ança ina­ba­lá­veis na vi­tória da causa pa­les­ti­niana, mesmo que esta seja al­can­çada para lá da sua pró­pria vida.

«A Ar­gélia der­rotou o co­lo­ni­a­lismo francês ao fim de mais de 130 anos. Nós vamos com 71 anos de re­sis­tência a Is­rael, es­tamos a me­tade do ca­minho», lembra.




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