Somar à denúncia o esclarecimento
Quando esta edição do Avante! chegar às bancas, as eleições para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira ainda estarão a um punhado de dias. Ainda sem a última passagem do Secretário-geral pela região, já é possível afirmar que a campanha da CDU foi, no geral, silenciada pela comunicação social nacional. Uma opção inaceitável, particularmente em período de campanha oficial – e vale a pena lembrar, não vá alguém se justificar com o carácter regional dessas eleições, que os meios de comunicação nacional também têm expressão na Região Autónoma da Madeira.
Isto para lá do óbvio enviesamento às portas de uma campanha eleitoral nacional em que os protagonistas são, no essencial, as mesmas forças políticas – ainda para mais quando vários órgãos de comunicação social deslocaram meios do Continente para a cobertura da campanha regional.
Logo no primeiro dia de campanha, no domingo em que encerrou a Festa do Avante!, a estação pública emitiu nos seus principais noticiários, o Jornal da Tarde e o Telejornal, uma peça de enquadramento das eleições regionais em que só foi dada voz a três protagonistas: ao candidato do PSD, ao candidato do PS e ao candidato do CDS. Tal como no processo de debates televisivos, que culminou no «debate decisivo» entre PS e PSD (que nada ajudou a decidir e pouco contribuiu para esclarecer), a televisão pública não fez mais nem menos que amplificar a mensagem que mais interessa ao PS e ao PSD, incutindo uma bipolarização artificial.
A exclusão das restantes forças políticas concorrentes, e particularmente das forças com deputados na Assembleia Regional, é incompreensível à luz de quaisquer critérios editoriais assumidos por um órgão de comunicação, ainda para mais com as obrigações acrescidas de serviço público que a RTP assume. Tanto mais quanto se tiver em conta que um dos noticiários em que a peça foi emitida, o Jornal da Tarde, ter emissão simultânea na RTP Madeira.
Foi preciso chegar a terça-feira, a menos de uma semana das eleições, para vermos e ouvirmos pela primeira vez a campanha da CDU e o seu primeiro candidato, Edgar Silva, numa estação de televisão nacional.
Mas este não é exemplo virgem: vejam-se, por exemplo, as duas páginas que um jornal diário, dito de referência, dedicou às posições das forças concorrentes sobre vários temas, da fiscalidade à mobilidade aérea, do turismo à saúde. Na peça couberam posições de PS, PSD, CDS, BE, PTP, JPP. A única força com representação que ficou ausente foi a CDU, o que aparentemente não preocupou quem assina a peça. Registe-se que ainda encontrou espaço nas duas páginas para propostas de dois partidos que nunca concorreram a eleições regionais (e, obviamente, nunca tiveram representação).
Nos dias que faltam para as eleições na Madeira e nas semanas que restam até às eleições legislativas é provável que continuem os truques para silenciar e deturpar a mensagem da CDU. Ao esclarecimento há que somar essa denúncia.