Com recrudescimento do bloqueio EUA visam asfixiar economia de Cuba

AGRESSÃO Cuba de­nun­ciou que o blo­queio im­posto pelos EUA, agra­vado com novas me­didas pu­ni­tivas, é «um acto de agressão uni­la­teral e uma ameaça per­ma­nente contra a es­ta­bi­li­dade» do país ca­ri­benho.

Mais de 77 por cento da po­pu­lação cu­bana nasceu sob o blo­queio

«O blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro im­posto pelo go­verno dos EUA contra Cuba du­rante quase seis dé­cadas é o sis­tema de san­ções uni­la­teral mais in­justo, se­vero e pro­lon­gado apli­cado contra um país. É, na sua es­sência e ob­jec­tivos, um acto de agressão uni­la­teral e uma ameaça per­ma­nente contra a es­ta­bi­li­dade de Cuba.»

A afir­mação ex­pressa, em sín­tese, o con­teúdo de um re­la­tório go­ver­na­mental cu­bano, de Julho pas­sado, a pro­pó­sito da re­so­lução da As­sem­bleia-Geral das Na­ções Unidas in­ti­tu­lada Ne­ces­si­dade de pôr fim ao blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro im­posto pelos Es­tados Unidos da Amé­rica contra Cuba.

De Abril de 2018 a Março de 2019 o blo­queio con­ti­nuou a re­cru­descer, em es­pe­cial na di­mensão ex­tra­ter­ri­to­rial. Nesse pe­ríodo, o cerco causou perdas a Cuba na ordem dos 4343 mi­lhões de dó­lares.

Os pre­juízos acu­mu­lados du­rante quase seis dé­cadas de apli­cação desta po­lí­tica atingem, a preços cor­rentes, a cifra de 138 mil, 843 mi­lhões de dó­lares. Tendo em conta a des­va­lo­ri­zação do dólar, pe­rante o valor do ouro, o blo­queio pro­vocou perdas quan­ti­fi­cá­veis em mais de 922 mil, 630 mi­lhões de dó­lares.

Esta po­lí­tica im­posta pelo go­verno dos EUA «é o prin­cipal obs­tá­culo ao de­sen­vol­vi­mento da eco­nomia cu­bana e ao pleno gozo de todos os di­reitos hu­manos do povo de Cuba e cons­titui um grave de­safio para a im­ple­men­tação da Agenda 2030 e os seus ob­jec­tivos de de­sen­vol­vi­mento sus­ten­tável», frisa o do­cu­mento.

São in­cal­cu­lá­veis os pre­juízos hu­manos oca­si­o­nados pela apli­cação destas san­ções dos EUA contra Cuba. Não existe fa­mília cu­bana nem sector no país que não tenha sido ví­tima dos seus efeitos. Mais de 77 por cento da po­pu­lação cu­bana nasceu e cresceu sob o cerco eco­nó­mico im­posto por Washington.

Ha­vana de­nuncia que a per­se­guição fi­nan­ceira nas ju­ris­di­ções de di­versos países con­ti­nuou a for­ta­lecer-se: foram re­gis­tadas li­mi­ta­ções im­postas ao sis­tema ban­cário cu­bano por parte de 140 bancos es­tran­geiros. Além disso, di­fe­rentes agên­cias norte-ame­ri­canas im­pu­seram multas a vá­rias com­pa­nhias de ter­ceiros países pela vi­o­lação de di­fe­rentes pro­gramas de san­ções.

As­fi­xiar a eco­nomia

As res­tri­ções para vi­a­gens a Cuba, anun­ci­adas pelo De­par­ta­mento do Te­souro e do Co­mércio dos EUA no pas­sado mês de Junho, re­flectem o pro­pó­sito do ac­tual go­verno norte-ame­ri­cano de con­ti­nuar com a po­lí­tica de re­cru­des­ci­mento do blo­queio.

Tais mu­danças re­gu­la­tó­rias «não são apenas con­trá­rias à opi­nião da mai­oria dos norte-ame­ri­canos que fa­vo­recem os vín­culos co­mer­ciais com Cuba, mas que atentam di­rec­ta­mente contra o emer­gente sector pri­vado cu­bano». O pro­pó­sito con­tinua a ser as­fi­xiar a eco­nomia cu­bana e impor obs­tá­culos adi­ci­o­nais ao seu de­sen­vol­vi­mento.

A con­tínua apli­cação da Lei Helms-Burton por parte da ad­mi­nis­tração dos EUA cons­titui uma prova in­dis­cu­tível da es­ca­lada agres­siva contra Cuba. O ob­jec­tivo desta me­dida ilegal é causar o má­ximo de pre­juízos à eco­nomia do país e, assim, tentar der­rubar a Re­vo­lução Cu­bana.

Esta pre­tensão tem uma linha de con­ti­nui­dade nos di­versos ins­tru­mentos e me­ca­nismos em­pre­gados du­rante 12 ad­mi­nis­tra­ções norte-ame­ri­canas, vi­sando impor um go­verno à sua me­dida em Cuba, re­cu­perar o do­mínio sobre a ilha e in­cor­porá-la na sua es­tra­tégia ge­o­po­lí­tica, sa­li­enta o re­la­tório.

A Lei Helms-Burton viola normas e prin­cí­pios do Di­reito In­ter­na­ci­onal como a livre de­ter­mi­nação dos povos, a li­ber­dade de co­mércio, a igual­dade so­be­rana e a não in­ge­rência nos as­suntos in­ternos dos es­tados. Também trans­gride o prin­cípio da con­vi­vência pa­cí­fica entre as na­ções.

O blo­queio con­tinua a ser «uma po­lí­tica ab­surda, ob­so­leta, ilegal e mo­ral­mente in­sus­ten­tável, que não tem cum­prido nem cum­prirá o pro­pó­sito de do­brar a de­cisão pa­trió­tica do povo cu­bano de pre­servar a sua so­be­rania e in­de­pen­dência». Cuba con­ti­nuará a tra­ba­lhar so­be­ra­na­mente e sem des­canso no apro­fun­da­mento dos ob­jec­tivos de jus­tiça, equi­dade e so­li­da­ri­e­dade que sus­tentam o mo­delo po­lí­tico, eco­nó­mico e so­cial cu­bano.

Os EUA têm ig­no­rado, com ar­ro­gância e des­prezo, as 27 re­so­lu­ções adop­tadas ano após ano pela As­sem­bleia-Geral das Na­ções Unidas que con­denam o blo­queio e as inú­meras e va­ri­adas vozes que, dentro e fora da­quele país, pedem o fim desta in­justa po­lí­tica.

Neste con­texto de es­pe­cial com­ple­xi­dade, «Cuba e o seu povo con­fiam que con­ti­nu­arão a contar com o apoio da co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal, na le­gí­tima exi­gência de pôr fim ao blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro im­posto pelo go­verno dos EUA».




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