Nas mãos deles ou nas nossas?

Vasco Cardoso

Líder mundial de concessões aeroportuárias: é assim que a multinacional francesa Vinci se apresenta a si própria, explorando 46 aeroportos em países que vão da França e EUA ao Brasil, passando naturalmente pela nossa querida pátria. Assim é desde 2013, data a partir da qual foi concedida a exploração de 10 aeroportos nacionais pelo período de 50 anos. O trajecto que entretanto foi percorrido é conhecido. O aumento exponencial de todas as receitas – desde o agravamento das taxas aeroportuárias à transformação dos aeroportos numa espécie de centros comerciais – e a redução de despesas, incluindo a componente de investimento como aliás se verifica com o facto de – com a conivência do Governo PS – nos tentarem impingir um apeadeiro no Montijo como se de um novo aeroporto se tratasse.

Acontece que por estes dias, num erro de marketing que foi prontamente corrigido, a Vinci na gestão dos seus multinacionais interesses apelou nas redes sociais para que os passageiros trocassem a «confusão do Algarve» pela serenidade do Sul de França, escolhendo o «seu» aeroporto em Marselha. As reações não se fizeram esperar, designadamente com os deputados do PS e PSD eleitos pelo Algarve a rasgarem as vestes na praça pública e a exigirem explicações por tamanha «humilhação» que tinha sido imposta à região algarvia e ao País. A dois meses das eleições, não há quem os agarre quando se trata de defender a «terra que os viu nascer».

Portugal tem de facto um problema com esta multinacional que resulta, não propriamente do que esta coloca nas redes sociais, mas do controlo que perdeu sobre uma das suas mais estratégicas infraestruturas. Um problema criado por PS, PSD e CDS que, em conjunto, urdiram e aceitaram, a lista de empresas a privatizar durante o período da troika cedendo às imposições da UE, do FMI e aos interesses do grande capital que aqui vieram aproveitar os saldos de um País encostado às cordas. E este é um dos obstáculos mais sérios que o País terá de enfrentar para construir o seu futuro: a recuperação do controlo público das suas infraestruturas estratégicas.

 



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