Factos sem adjectivos
Andam os rapazes do BE a queixar-se por todo o lado que os tipos do PCP fizeram deles o inimigo principal. Mais precisamente, dizem que os homofóbicos, misóginos, totalitários, anti-ecologistas, conservadores tipos do PCP andam sempre a dizer mal do BE.
Têm os moços dois objectivos com estas tácticas aprendidas de velhos oportunistas de sucesso como Mário Soares. Desde logo, candidamente dar porrada no PCP. E claro, tentar intimidar os comunistas, para não criticarem o comportamento criticável do BE.
Partilho hoje um exemplo desse comportamento, limitando-me aos factos que dispensam adjectivos.
Uma petição encabeçada por Bernardino Soares recolheu 31 mil assinaturas pela expansão do Metro a Loures e obrigou ao agendamento dessa questão na Assembleia da República. Dessa discussão resultou uma resolução (votada por todos os partidos menos o PS) exigindo a expansão a Loures e a suspensão do projecto em curso da Linha Circular.
Na sequência do que o Público deu uma página ao vereador do BE na CML para, em bicos de pés, tentar capitalizar politicamente a movimentação popular por uma e outra reivindicação. Texto onde afirma: «O facto de não existir hoje na Assembleia da República nem um partido que defenda a linha circular é uma clara indicação do que é preciso fazer: parar este processo.»
O mesmo vereador que já votara duas vezes a favor da Linha Circular na CM Lisboa e cujo voto voltou a ser decisivo na reunião de Câmara de 24/7 para aprovar nova moção do PS a favor da Linha Circular e chumbar uma moção da CDU que apontava para parar o processo da Linha Circular. Porquê? Porque na Câmara de Lisboa o PS não tem votos suficientes para decidir sozinho e precisa do voto do BE, e pelos vistos, o BE é contra a linha circular em todo o lado menos onde o seu voto seria decisivo para acabar com ela.