Venezuela entre o diálogo e a ingerência

VENEZUELA As delegações do governo bolivariano e das oposições acordaram, no final da terceira ronda de conversações, em Barbados, mediadas pela Noruega, estabelecer uma mesa permanente de diálogo.

«Não vai ser um caminho simples, mas podemos chegar a acordo»

O anúncio foi feito na sexta-feira, 12, em Caracas, por Héctor Rodríguez, governador do Estado de Miranda. «Decidimos instalar uma mesa de forma permanente e acordámos com a oposição a vontade de trabalhar juntos pela paz no país», afirmou o dirigente bolivariano. Sugeriu que é possível chegar a um acordo entre as partes. «Creio que podemos dizer que este não vai ser um caminho simples, mas tenho a percepção de que nós, venezuelanos, podemos chegar a um acordo de paz, de governabilidade, em que nos respeitemos mutuamente», disse.

Héctor Rodríguez, mais o ministro da Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, constituiu a delegação governamental que se reuniu com representantes das oposições, em Barbados, com mediação da Noruega. «Concluímos três longos dias, três intensas jornadas de diálogo de paz com as oposições venezuelanas; escutámos, com muita paciência estratégica, as aspirações, as reflexões, as solicitações que apresentaram as oposições», precisou Héctor Rodríguez.

O governo da Noruega assegurou antes, em comunicado, que o diálogo prossegue e que as delegações regressaram a Caracas para consultas. As duas partes reuniram-se em Barbados, nas Caraíbas, desde o dia 8, na terceira ronda de conversações que começaram a 14 de Maio, em Oslo. O ministro Jorge Rodríguez considerou que os encontros em Barbados tinham terminado com êxito e agradeceu à primeira-ministra desse país insular, Mia Mottley, a hospitalidade.

EUA tentam sabotar
O processo de diálogo entre governo e as oposições da Venezuela continua a ser sabotado pelos Estados Unidos e seus aliados, que apostam numa «solução» armada para o conflito político. O embaixador da Venezuela nas Nações Unidas, Samuel Moncada, denunciou a rejeição norte-americana das conversações, a qual responde ao interesse de Washington por uma intervenção militar, opção que «permanece sobre a mesa», segundo a Casa Branca.

As declarações do diplomata venezuelano coincidiram com as notícias na imprensa citando um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, que enfatizou que «qualquer discussão sobre uma transição deve incluir a partida de Maduro e estabelecer este tema como condição prévia para as eleições».

Em Caracas, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello respondeu de forma clara: a possibilidade de convocar eleições presidenciais está descartada na agenda de negociações. Repetiu, contudo, que os representantes da Revolução Bolivariana mantêm a vontade de fazer concessões tendo em vista um entendimento com as oposições.

Também primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Cabello insistiu que as eleições parlamentares são as únicas previstas num futuro próximo, de acordo com o estabelecido constitucionalmente.

 



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