Eleições são «grande oportunidade» para libertar o País da política de direita
BRAGA Salientando que as eleições legislativas «são da maior importância para o futuro», Jerónimo de Sousa apelou em Braga à construção de um bom resultado para a CDU.
Todos os avanços têm que ser defendidos
Na apresentação pública de Carla Cruz como primeira candidata da CDU pelo círculo eleitoral de Braga, que decorreu no dia 4 de Julho, no Salão Nobre do Palácio dos Biscaínhos, o Secretário-geral do PCP frisou que as legislativas de 6 de Outubro «são, de facto, a grande oportunidade para que os democratas e patriotas, para todos os que aspiram a uma vida melhor, expressem a vontade de pôr o País a avançar, dando mais força à CDU».
Sobre a 1.ª candidata da lista, o Secretário-geral do PCP destacou que «é uma deputada que, com grande perseverança e empenho, desenvolve uma forte intervenção na AR», mas também «uma mulher incansável no que toca à defesa dos trabalhadores e do povo», também do distrito de Braga.
Problemas por resolver
Negando ser verdade a «ideia» propalada de que o Governo está a superar os obstáculos com que o País se confronta, Jerónimo de Sousa lembrou que «os problemas de fundo não foram, nem estão resolvidos», persistindo «graves problemas económicos e sociais». Referia-se aos «défices estruturais que são responsáveis pelos insuficientes níveis de crescimento económico, pela degradação dos sectores produtivos nacionais, por profundas desigualdades sociais e regionais, pela degradação dos serviços públicos».
Comentou, de seguida, as «falsas alternativas» apresentadas pelos partidos da política de direita (PS, PSD e CDS), destacando a «história da carochinha» que Rui Rio havia apresentado naquela semana, um «plano» que é «um regresso ao passado, a coberto de uma falsa promessa de redução da carga fiscal».
As críticas do Secretário-geral estenderam-se ao PS, que mantém «o fundamental da política de direita», como se comprova nas propostas que o Governo apresentou em relação às leis laborais de retrocesso social ou na «ilusória operação» da chamada «aliança progressista» ou «frente progressista», apresentada «como uma nova solução política alternativa para a União Europeia (UE) e para servir Portugal» e que «implodiu com estrondo com as nomeações para os cargos de direcção das instituições da UE».
«O que vingou e triunfou foi o núcleo duro dos protagonistas das políticas da troika, com a Alemanha e Christine Lagarde, do FMI, à cabeça, para garantir que se manterão intocáveis os interesses das grandes potências e seguir a inamovível linha de rumo política das imposições que estão na origem de todas as crises e que tem inviabilizado qualquer solução de afirmação de uma política soberana de países como Portugal, capaz de combater os seus atrasos e relançar o seu desenvolvimento», acusou, reclamando a «libertação do País da política de direita de submissão às imposições da UE».
Soluções para o distrito de Braga
Nos últimos quatro anos, o PCP desenvolveu no distrito de Braga uma notável intervenção parlamentar, assente no contacto com a realidade regional e numa profunda ligação aos trabalhadores e às populações.
«Realizámos, em todos os concelhos, de Cabeceiras de Basto a Esposende, mais de uma centena e meia de reuniões, visitas e contactos com as mais diversas entidades. Estivemos presentes nas lutas dos trabalhadores e das populações, manifestando-lhes a nossa activa solidariedade e levando as suas justas reivindicações à Assembleia da República», valorizou Carla Cruz, dando conta das 396 perguntas e requerimentos dirigidos ao Governo «sobre múltiplos aspectos da realidade do distrito».
«Fizemos o diagnóstico dos problemas que afligem as gentes do Baixo Minho e apresentámos soluções em 24 projectos de resolução e dois projectos de lei», acrescentou.
Potencialidades desperdiçadas
A deputada e de novo candidata destacou, também, as «enormes potencialidades produtivas desperdiçadas nas últimas décadas pela política de direita» e que «urge aproveitar plenamente, designadamente nos sectores produtivos tradicionais, na agricultura e nas pescas».
«As actividades económicas ligadas ao turismo ganham cada vez maior relevância no distrito, mas é preciso apostar num combate efectivo à precariedade, aos baixos salários e à desregulação de horários que são praticados e que impedem a articulação com a vida familiar, pessoal e profissional», defendeu Carla Cruz, salientando que naquele distrito «não faltaram as denúncias do PCP e da deputada eleita por Braga, nem as propostas que permitiram prosseguir esse combate, designadamente, as que prevêem o reforço de trabalhadores para a Autoridade para as Condições de Trabalho».
O PCP e os seus aliados na CDU apresentaram ainda «soluções concretas» para a defesa e dinamização da produção regional, destacando-se, entre muitas outras propostas, o plano de emergência para o sector têxtil das regiões do Ave e do Cávado, bem como o fim do Pagamento Especial por Conta.
Por iniciativa do Partido, foi também aprovada uma recomendação de apoio à produção leiteira nacional e o alargamento do período máximo de paragem de 60 para 90 dias para o pagamento da compensação salarial aos pescadores.
Valorizados foram, igualmente, outros «avanços» na área da Saúde, da Educação e das infra-estruturas, só possíveis com a acção e intervenção do PCP e dos seus deputados.
Investimento público
«Sabemos que todos os avanços têm que ser defendidos e que é preciso avançar na resolução dos problemas estruturais» do País, sublinhou Carla Cruz, reclamando, para o distrito de Braga, mais «investimento público» para «a melhoria das acessibilidades, para o alargamento da oferta dos transportes públicos e na redução tarifária, para a melhoria dos estabelecimentos de saúde, dos hospitais e dos centros de saúde, das escolas e das instituições do Ensino Superior e da Segurança Social».
«É preciso avançar e não andar para trás» na «reposição de direitos e rendimentos, na valorização do trabalho e dos trabalhadores» e na «defesa dos sectores produtivos, da agricultura, da produção leiteira e das pescas», apelou a candidata.