PCP alerta que culturas intensivas e superintensivas são expressão do carácter parasitário do capitalismo
BEJA «O investimento no olival intensivo, ou no amendoal, ou em outras modas, ao contrário de ser um bom exemplo de empreendedorismo, de pujança do capitalismo, apenas revela o seu carácter parasitário», considera o Partido.
É conhecida a utilização de mão-de-obra quase escrava
Em nota divulgada dia 12, a Organização Regional de Beja do PCP, região onde o problema das monoculturas com processos que aceleram os ciclos normais se tem manifestado com particular incidência, lembra que os investimentos crescentes naquele âmbitosão feitos, fundamentalmente, a «partir de financiamentos públicos nacionais ou da União Europeia» e assentam «nautilização de um mega-empreendimento público, o Alqueva».
Além disso, alerta-se, as culturas agrícolas intensivas ou superintensivas assentam a sobre-exploração da terra com utilização maciça de agroquímicos», com consequências ainda desconhecidas quanto à capacidade de regeneração dos solos ou à contaminação dos lençóis freáticos.
No texto, a DORBE nota também que se trata de «um modo de produção que utiliza mão-de-obra quase escrava», conhecendo-se a situação de «centenas ou milhares de trabalhadores trazidos do outro lado do mundo» por redes de tráfico de seres humanos (que as autoridades desmantelam sem, contudo, responsabilizar os agrários), «a ganharem uma côdea de pão amontoados em estruturas precárias, colocando problemas logísticos em aldeias onde chegam a ser mais do que os habitantes».
Ilusão
«Estas produções, pela pressão que exercem sobre os territórios, põem em causa mesmo o património histórico-cultural», colocam «sérios problemas de saúde pública, quer pela aplicação intensiva de pesticidas e herbicidas quer pela proximidade das habitações que entretanto atingiu», e, «contrariamente à ideia de que darão um grande impulso à economia, o legado que deixarão é apenas de mais dependência», adverte-se, por outro lado.
«Até se pode equilibrar a balança agroalimentar por esta via, em valor, mas fica posta em causa a nossa soberania alimentar com a perda da diversidade agrícola», explica-se ainda, antes de se criticar o ministro da agricultura por, em múltiplas ocasiões, defender culturas intensivas e superintensivas no olival, amendioal e vinha.
Capoulas Santos diz que o olival intensivo e superintensivo é uma das culturas «que menos água utiliza», todavia usa como termo de comparação as culturas hortículas, e não o olival tradicional; «diz que não estamos perante uma monocultura», no entanto os 39 mil hectares em três milhões de todo o Alentejo não estão dispersos, antes «situam-se em poucos concelhos, sendo que algumas freguesias concentram já mais de mil hectares de olival superintensivo», salienta igualmente a DORBE.