Supressão de carreiras agrava situação na Soflusa
TRANSPORTES A Soflusa, responsável pelas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, suprimiu, na segunda-feira, dezenas de carreiras em ambos os sentidos. A situação agrava-se de dia para dia.
Contínua degradação do serviço público de transporte fluvial
Como destacou a Comissão de Utentes de Serviços Públicos (CUSP) do Barreiro, as supressões de carreiras ocorreram num dia em que não estava marcada nenhuma greve dos trabalhadores da Soflusa, particularmente dos mestres.
Em nota de imprensa, os utentes desmascaram o facto de a administração da empresa continuar, propositadamente, a usar a expressão «constrangimentos laborais» com vista a confundir os passageiros.
«Os constrangimentos laborais na Soflusa» devem-se à «falta de, pelo menos, 30 trabalhadores nas áreas de navegação – mestres, maquinistas e marinheiros – administrativa, comerciais e de apoio ao cliente», assegura a Comissão, qualificando de «particularmente grave» a situação dos mestres, que, em 2018, se viram obrigados a fazer cerca de quatro mil horas extraordinárias. «Há pessoal da área da navegação (mestres, maquinistas e marinheiros) à beira da exaustão», alerta-se.
Reivindicação
No passado dia 17, a CUSP esteve reunida com a administração da Soflusa, a quem entregou um memorando reivindicativo onde se expressam as principais medidas que ajudariam a resolver os problemas existentes.
No documento, exige-se que «a frota da Soflusa seja recomposta com mais embarcações para poder responder às necessidades do serviço prestado pela empresa» e que «sejam efectuadas as manutenções regulares preventivas necessárias ao bom, regular e seguro funcionamento das embarcações». Entre outras medidas, reclamam-se obras necessárias à melhoria das condições de conforto no terminal do Barreiro; maior regularidade da limpeza no interior das embarcações; acesso wi-fi à internet.
Os utentes consideram, igualmente, que não é «aceitável» a actual diferenciação de tempos de percurso (20 e 25 minutos), por configurarem «uma discriminação indesejável relativamente aos passageiros que, pagando o mesmo valor do título de transporte, acabam por não usufruir de condições de igualdade».
Outra questão que espelha o estado de degradação a que a Soflusa chegou é a existência de trabalhadores que não têm vínculo à empresa (alguns há dezenas de anos) mas que garantem um serviço fundamental para a operação da mesma. O caso mais evidente é o do pessoal da amarração nos cais.
Greve
Os mestres da Soflusa cumpriram, a 24 de Maio, o último dia de uma greve parcial de dois dias, de três horas por turno, pela contratação de profissionais e alivio de carga de trabalho extraordinário. Uma nova paralisação, com os mesmos motivos, tem lugar entre 3 e 7 de Junho.
Em comunicado, os mestres lembram que estão 17 pessoas «a fazer o trabalho de 24». Apesar da entrada de quatro novos mestres, continuam a faltar funcionários, entre eles marinheiros, que fazem parte da tripulação.