Vitória do ANC na África do Sul

Carlos Lopes Pereira

O Congresso Nacional Africano (ANC) ganhou as sextas eleições gerais democráticas na África do Sul e o seu líder, Cyril Ramaphosa, garantiu que o partido governante aprendeu com os erros, «deixou para trás a arrogância» e trabalhará arduamente para cumprir o mandato das urnas. Tal como aconteceu em anteriores eleições legislativas, desde o fim do apartheid, em 1994, o ANC, em aliança com o Partido Comunista Sul-Africano e a central sindical Cosatu, venceu agora com maioria absoluta.

Ramaphosa, que será formalmente eleito presidente da República pelo novo parlamento, tomará posse no próximo dia 25, para um mandato de cinco anos. A cerimónia de investidura decorrerá num estádio do município de Tshwane, o da capital, Pretória.

Estas eleições de 8 de Maio, para escolha dos 400 deputados do parlamento nacional e dos governos das nove províncias sul-africanas, tiveram uma participação de 65,99% dos eleitores inscritos.

O ANC obteve mais de 10 milhões de votos (57,50%, contra 62% em 2014), conquistando 230 assentos parlamentares (menos 19). Renovou a maioria absoluta na governação de oito províncias.

A Aliança Democrática (AD) continua a ser a principal força política da oposição com três milhões e 600 mil votos (20,78%), 84 deputados e a manutenção do governo do Cabo Ocidental, onde se situa a cidade do Cabo, sede do parlamento.

Em terceiro lugar ficou o partido Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, com quase um milhão e 900 mil votos (10,77%) e 44 lugares (mais 19). O Partido da Liberdade Inkhata (IFP), encabeçado pelo rei zulu Mangosutu Buthelezi, com 587 mil votos (3,38%) e 14 deputados, é a quarta força parlamentar. Segue-se a Frente de Liberdade Plus (VF+), defensora da população afrikaner, com 413 mil votos (2,38%) e 10 eleitos. Nove outros partidos, das 48 forças políticas que participaram das eleições, têm representação parlamentar, elegendo um total de 18 deputados.

Na primeira intervenção pública após a divulgação dos resultados, Ramaphosa considerou que o povo deu aos líderes do país «um mandato forme para construir uma África do Sul melhor» e exortou «brancos e negros, homens e mulheres, jovens e velhos, a trabalhar em conjunto para alcançar uma sociedade unida, não racial, não sexista, democrática e próspera».

Como foi lembrado na campanha eleitoral, a África do Sul, primeira economia africana, enfrenta como tarefas prioritárias a continuação do desenvolvimento destes 25 anos, a luta contra a pobreza, a criação de mais empregos, sobretudo para os jovens, a melhoria dos serviços públicos, o combate contra a corrupção.

O presidente do ANC enfatizou que os resultados das urnas indicam claramente que «as necessidades da população devem ser prioritárias e não as batalhas internas de facções». E prometeu que o partido irá de porta em porta ouvir as preocupações dos cidadãos: «Somos o ANC humilde que vai servir a nossa gente com respeito e escutará o povo».

Ramaphosa evocou Nelson Mandela e as gerações de patriotas que combateram contra o apartheid e pela liberdade. E assegurou que os sul-africanos votaram a 8 de Maio por um país unido, por uma sociedade mais igualitária, livre da pobreza, fome e necessidades básicas, «por uma nação em paz consigo mesma e com o mundo».




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