Desvalorização profissional suscita protesto na EDP
CONTESTAÇÃO A administração da EDP propôs e os accionistas aprovaram dividendos superiores aos lucros. Os trabalhadores não aceitam o corte geracional que afecta os mais jovens e vão continuar a luta.
Premiar os accionistas não pode ser o objectivo central
No dia 24 de Abril, enquanto decorria a assembleia anual de accionistas, a Fiequimetal e os seus sindicatos filiados que intervêm nas empresas do Gupo EDP promoveram uma concentração de protesto, junto à sede da holding, em Lisboa.
Nas intervenções de dirigentes de sindicatos, da federação e da CGTP-IN e de outros trabalhadores, foram dados testemunhos do crescente descontentamento nos locais de trabalho, bem como do esforço de organização e mobilização, que tem estado a ser desenvolvido. «A unidade vai crescer e a luta vai continuar», assegurou a Fiequimetal, numa saudação aos trabalhadores, divulgada depois desta acção.
Federação e sindicatos saúdam quer os trabalhadores que participaram no protesto, numa tarde de chuva, quer «todos aqueles que fizeram greve, como forma de demonstrarem o descontentamento resultante da desvalorização profissional por que a administração é responsável».
Em contraste com os lucros alcançados nos últimos anos, a EDP segue uma «estratégia de nivelar, por baixo, as condições de trabalho e de remuneração», seja dos trabalhadores admitidos mais recentemente, seja dos que estão em subcontratação, como nos centros de atendimento e em lojas.
Contra tal rumo, as estruturas da CGTP-IN e os trabalhadores reafirmam reivindicações em três áreas:
• resolução das discriminações e melhoria das condições de progressão nas carreiras e nas remunerações;
• negociação rápida das matérias pendentes do Acordo Colectivo de Trabalho;
• melhoria das condições de trabalho, em particular quanto a «desumanos ritmos que são impostos» e «intervalos de descanso entre jornadas de trabalho».
Numa resolução, aprovada durante a concentração e entregue ao cuidado da administração, defende-se que é urgente reconhecer e resolver discriminações derivadas da contratação avulso de trabalhadores, para empresas criadas pela EDP, e do tratamento diferenciado entre trabalhadores no próprio ACT.
Foi ainda chamada a atenção para as consequências que a concretização do plano estratégico 2019-2022 poderá ter para os trabalhadores e para o País. A administração «visa realizar lucros rápidos para distribuir pelos accionistas, à custa da desvalorização patrimonial da empresa». No dia 24, os accionistas aprovaram pagar a si próprios 694,74 milhões de euros, em dividendos relativos a 2018, embora neste ano o resultado líquido tenha sido de 519 milhões.
Em solidariedade com a luta dos trabalhadores e insistindo que a EDP faz parte das empresas estratégicas que deviam estar sob controlo público, esteve no local Rita Rato, deputada do PCP, que fez uma breve saudação.