Manifestantes no Sudão exigem governo democrático
LUTA As forças políticas que organizaram as manifestações populares no Sudão, forçando a queda de Omar al-Bashir, exigem aos militares que abandonem o poder. E lutam pela criação de um governo civil democrático.
União Africana pede aos generais retorno à ordem constitucional
O Partido Comunista Sudanês (PCS) informou, entretanto, na segunda-feira, 22, que após o derrube do governo de Omar al-Bashir, «o nosso povo está agora a lutar pelo estabelecimento de um governo civil e pelo desmantelamento da ditadura».
O PCS – que lançou a palavra de ordem «Liberdade, Paz e Revolução são a escolha do povo» – considera que a acção dos generais sudaneses, ao tentar assumir o poder, constitui de facto um «golpe militar», pelo que a luta dos comunistas e do povo do Sudão continua, pela constituição de um sistema civil democrático no país.
O Conselho Militar do Sudão comunicou à União Africana (UA), no domingo, 21, que o seu objectivo é fomentar a transição no país, após a demissão do presidente Omar al-Bashir, a 11 de Abril. A tarefa do Conselho Militar é «criar um ambiente propício que permita às forças políticas governar o país de maneira pacífica e democrática», explicaram os generais no poder em Cartum, segundo a agência Suna.
Essa foi a resposta aos encontros realizados entre representantes da UA, militares, membros da Associação de Profissionais Sudaneses e outras forças políticas sudanesas, tendo em vista encontrar uma solução para a crise.
A UA, com sede em Addis-Abeba, pediu aos militares sudaneses que restabeleçam a ordem constitucional até ao fim de Abril, ameaçando, em caso de incumprimento, expulsar o Sudão do seu seio.
A organização pan-africana condenou energicamente a tomada do poder pelos militares e o seu plano de liderar a transição durante os dois próximos anos. Também qualificou de «golpe de Estado» a demissão do presidente al-Bashir.