Argélia rejeita ingerência estrangeira

Carlos Lopes Pereira

Está em curso na Argélia o processo de eleição do novo presidente da República.

Recorde-se que a Argélia, que protagonizou uma heróica luta de libertação nacional liderada pela FLN que resistiu e derrotou a opressão e a guerra colonial impostas pela França, adoptou importantes e firmes posições de rejeição das brutais agressões dos EUA e seus aliados contra a Líbia e contra a Síria, assim como de defesa dos direitos nacionais do povo palestiniano e do direito à auto-determinação do povo sarauí. Em resultado da sua revolução nacional libertadora e das conquistas sociais alcançadas, a Argélia é actualmente o país do continente africano com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, expectativa de vida, natalidade, entre outros índices), atribuído pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A Argélia, o maior país da África, com 40 milhões de habitantes – 70 por cento com menos de 30 anos – é um dos grandes produtores de petróleo e gás natural do continente e a terceira economia africana.

No entanto, em resultado de problemas que se avolumaram, como a existência de um alto desemprego jovem, têm tido lugar grandes manifestações desde 22 de Fevereiro que convergiram na oposição à reeleição de Abdelaziz Bouteflika como presidente da Argélia.

Este demitiu-se a 2 de Abril, já com a saúde muito fragilizada. A sua demissão teve lugar na sequência das forças armadas terem exigido a aplicação «imediata» de disposições constitucionais prevendo a destituição do presidente em caso de incapacidade física.

De acordo com a Constituição argelina, assumiu agora a chefia do Estado, interinamente, o presidente do Conselho da Nação (a câmara alta do parlamento), Abdelkader Bensalah, que já convocou eleições presidenciais para 4 de Julho.

Na sua investidura, Bensalah apelou à unidade do povo argelino e anunciou a criação de um órgão colegial, «soberano nas suas decisões», que vai preparar e organizar as próximas eleições, «honestas e transparentes».

Prosseguem, entretanto, manifestações populares. De início, o hirak (movimento) centrou-se na rejeição da anunciada candidatura de Bouteflika a um quinto mandato presidencial. Conseguido esse objectivo e também o adiamento das eleições, os manifestantes passaram a exigir a demissão do presidente e «mudanças radicais», com o «afastamento» de toda a cúpula governante.

 



Mais artigos de: Internacional

Venezuela candidata-se a acolher Festival Mundial da Juventude de 2021

O presidente Nicolás Maduro pediu para a Venezuela receber o Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes de 2021. Durante um encontro com representantes de mais de 40 movimentos de solidariedade, reunidos em Caracas pela Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD) para apoiar a luta do povo venezuelano pelo...