PCP tem as propostas e a força para desenvolver Castelo Branco

PRO­POSTAS A 11.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Cas­telo Branco do PCP, re­a­li­zada no sá­bado, 6, na Co­vilhã, re­a­firmou um con­junto de pro­postas es­sen­ciais ao de­sen­vol­vi­mento da re­gião e aprovou me­didas para o re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido.

O in­ves­ti­mento pú­blico é ala­vanca fun­da­mental para o pro­gresso do In­te­rior

Mais de uma cen­tena de mi­li­tantes co­mu­nistas do dis­trito de Cas­telo Branco par­ti­ci­param na as­sem­bleia, que teve lugar no au­di­tório mu­ni­cipal da Co­vilhã, onde ha­bi­tu­al­mente se re­a­lizam as reu­niões da As­sem­bleia Mu­ni­cipal. Num dia mar­cado pelos fortes ne­vões que caíram na Serra da Es­trela, o am­bi­ente da as­sem­bleia con­trastou com o frio que se sentia na rua: a ca­ma­ra­dagem, o de­bate franco e aberto, a fir­meza de con­vic­ções aque­ceram a jor­nada, que se re­velou bas­tante pro­du­tiva.

Na Re­so­lução Po­lí­tica – apro­vada por una­ni­mi­dade de­pois de ter aco­lhido su­ges­tões e al­te­ra­ções antes e du­rante a as­sem­bleia – está plas­mada a re­a­li­dade do dis­trito e, grosso modo, de todo o In­te­rior: de­ser­ti­fi­cação, aban­dono dos sec­tores pro­du­tivos, emi­gração, de­sem­prego, pre­ca­ri­e­dade. É pre­ci­sa­mente para al­terar esta si­tu­ação que a as­sem­bleia de­bateu e aprovou um vasto con­junto de pro­postas para o de­sen­vol­vi­mento da re­gião, co­brindo todas as áreas: da pro­dução aos di­reitos, da edu­cação à saúde, dos trans­portes às aces­si­bi­li­dades, da cul­tura ao mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo.

Re­la­ti­va­mente ao sector pro­du­tivo, no dis­trito de Cas­telo Branco, não há muito tempo, era forte a in­dús­tria dos la­ni­fí­cios. Lo­ca­li­dades como Tor­to­sendo en­traram para a His­tória pelas lutas de­sen­vol­vidas pela classe ope­rária, de­ci­sivas para que Abril fosse pos­sível, e isso não passou ao lado da as­sem­bleia. Hoje, com o pro­cesso de de­sin­dus­tri­a­li­zação, muitas em­presas têx­teis en­cer­raram; nas re­sis­tentes per­siste a brutal ex­plo­ração e a co­ra­josa luta dos tra­ba­lha­dores, que, como sa­li­entou na aber­tura dos tra­ba­lhos Vla­di­miro Vale, da Co­missão Po­lí­tica, ti­veram ao seu lado o PCP na sua luta por me­lhores con­di­ções de tra­balho e au­mentos sa­la­riais.

Per­ma­nece, con­tudo, na re­gião um «pe­queno nú­mero de em­presas de ele­vada ca­pa­ci­dade téc­nica e fi­nan­ceira», nos sec­tores agro-ali­mentar, me­ta­lo­me­câ­nico, ma­qui­naria e equi­pa­mento, res­pon­sá­veis por parte con­si­de­rável do em­prego, su­blinha-se na Re­so­lução Po­lí­tica. Muito pouco, porém, para o que era ne­ces­sário e pos­sível: uma de­le­gada re­alçou a ne­ces­si­dade de in­vestir no sector agro-ali­mentar para, por exemplo, apro­veitar toda a ce­reja que não passa no cunho da cer­ti­fi­cação e que nem se­quer é paga aos pro­du­tores.

De­gra­dação, re­sis­tência e al­ter­na­tiva
Um dos sec­tores que mais tem cres­cido da re­gião é o dos cen­tros de con­tacto (os fa­mosos call cen­ters), fun­da­mental para o fun­ci­o­na­mento de áreas eco­nó­micas como a banca, os se­guros, a energia, as te­le­co­mu­ni­ca­ções, o tu­rismo. No dis­trito de Cas­telo Branco, este sector em­prega mais de 1000 tra­ba­lha­dores, que en­frentam duras con­di­ções de tra­balho: sa­lá­rios baixos, ho­rá­rios pro­lon­gados e des­re­gu­lados, do­enças pro­fis­si­o­nais.

Noutra grande em­presa in­dus­trial, a Aptiv (an­tiga Delphi, que fa­brica com­po­nentes para o sector au­to­móvel), a luta per­sis­tente dos tra­ba­lha­dores e das suas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas re­sultou na pas­sagem aos qua­dros da em­presa de cen­tenas de tra­ba­lha­dores que há muito la­bo­ravam com vín­culos pre­cá­rios.

No tu­rismo, que também na re­gião tem cres­cido con­si­de­ra­vel­mente nos úl­timos anos, a oferta é de­se­qui­li­brada e a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores é diária. Da tri­buna da as­sem­bleia ouviu-se uma mi­li­tante re­alçar a im­por­tância da luta, também neste sector, para de­fender, repor e con­quistar di­reitos. Uma luta que, ga­rantiu, «vale a pena».

No que res­peita ao sector pri­mário, a evo­lução no dis­trito acom­panha a ten­dência na­ci­onal desde a in­te­gração de Por­tugal na União Eu­ro­peia: menos ex­plo­ra­ções e menor ren­di­mento dos pro­du­tores. Al­guns novos in­ves­ti­mentos que se ve­ri­fi­caram, so­bre­tudo de­cor­rentes do re­gadio na zona da Cova da Beira, não al­teram a si­tu­ação de fundo; os grandes in­cên­dios dos úl­timos anos agra­varam-na con­si­de­ra­vel­mente.

Na in­ter­venção de aber­tura, Vla­di­miro Vale re­sumiu as pro­postas do PCP para o dis­trito, am­pla­mente de­sen­vol­vidas na Re­so­lução Po­lí­tica: in­ves­ti­mento pú­blico vol­tado para o apa­relho pro­du­tivo, a mo­bi­li­dade de pes­soas e mer­ca­do­rias e o apro­vei­ta­mento dos re­cursos e po­ten­ci­a­li­dades na­ci­o­nais; va­lo­ri­zação da agri­cul­tura fa­mi­liar e dos cir­cuitos de pro­xi­mi­dade, «rom­pendo com a ló­gica das po­lí­ticas da UE»; me­lhoria dos ser­viços de pro­xi­mi­dade do Mi­nis­tério da Agri­cul­tura; mais infra-es­tru­turas como o re­gadio Sul da Gar­dunha.

O res­pon­sável na Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral pela Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Cas­telo Branco do PCP re­feriu-se ainda aos en­traves que urge re­mover para em­pre­ender qual­quer pro­jecto de de­sen­vol­vi­mento re­gi­onal, que di­versos de­le­gados, nas suas pró­prias in­ter­ven­ções, se­cun­daram: as «con­sequên­cias pro­fun­da­mente ne­ga­tivas para as po­pu­la­ções e para o te­cido eco­nó­mico» das por­ta­gens na A23, onde se paga o valor mais alto por qui­ló­metro em Por­tugal; as vias ro­do­viá­rias que de­viam estar cons­truídas e não estão – como as li­ga­ções de Idanha e Pe­na­macor à A23, do IC31 e do IC6 com o túnel de Al­voaça, sem por­ta­gens – e as es­tradas mu­ni­ci­pais e in­ter­mu­ni­ci­pais cuja re­qua­li­fi­cação con­tinua por con­cluir; as li­ga­ções fer­ro­viá­rias que tardam em avançar; o en­cer­ra­mento, de­sin­ves­ti­mento, sub­fi­nan­ci­a­mento e des­va­lo­ri­zação dos ser­viços pú­blicos.

Sobre esta úl­tima questão, Vla­di­miro Vale re­alçou a ló­gica pre­va­le­cente, com a qual urge romper: «se não existir nada, então jus­ti­fica-se que nada exista.» De­fender e me­lhorar os ser­viços pú­blicos de pro­xi­mi­dade é es­sen­cial, con­cluiu.

Mais or­ga­ni­zação para maior in­fluência
Pela tri­buna da as­sem­bleia passou também a or­ga­ni­zação do Par­tido – os seus êxitos, os seus li­mites, os ca­mi­nhos tri­lhados para a alargar e re­forçar. A cri­ação de cé­lulas nas em­presas e lo­cais de tra­balho, uma maior es­tru­tu­ração da or­ga­ni­zação, o re­cru­ta­mento de novos mi­li­tantes e a sua in­te­gração, a me­lhoria do tra­balho de pro­pa­ganda, uma mais alar­gada di­fusão da im­prensa par­ti­dária e o re­forço da ca­pa­ci­dade fi­nan­ceira do Par­tido per­ma­necem como ori­en­ta­ções pri­o­ri­tá­rias para for­ta­lecer a or­ga­ni­zação e, a partir dela, alargar a in­fluência do PCP junto das massas. Pela tri­buna da as­sem­bleia pas­saram exem­plos de avanços, mo­destos mas sig­ni­fi­ca­tivos, na or­ga­ni­zação par­ti­dária.

Como su­bli­nharia, no en­cer­ra­mento da As­sem­bleia, o Se­cre­tário-geral, Je­ró­nimo de Sousa, «não há sector da vida co­lec­tiva deste dis­trito onde os co­mu­nistas (…) não te­nham a marca da sua in­ter­venção de­di­cada e em­pe­nhada na so­lução dos mais va­ri­ados pro­blemas dos tra­ba­lha­dores, dos qua­dros téc­nicos e in­te­lec­tuais, dos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, dos agri­cul­tores, dos re­for­mados, dos jo­vens, das mu­lheres, do povo deste dis­trito».

Elevar a res­posta a um nível su­pe­rior

A en­cerrar os tra­ba­lhos da 11.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Cas­telo Branco do PCP, Je­ró­nimo de Sousa va­lo­rizou o que foi pos­sível al­cançar nos úl­timos anos e re­alçou que «Por­tugal não tem ainda a po­lí­tica que pre­cisa para pôr o País a avançar a sério e ul­tra­passar os pro­blemas es­tru­tu­rais que se mantêm e, nal­guns casos, se agravam». Se tal su­cede, acres­centou, é porque o Go­verno mi­no­ri­tário do PS, «na­quilo que é es­sen­cial e es­tru­tu­rante se mantém preso, sub­me­tido» aos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos, aos di­tames e cons­tran­gi­mentos do euro e da União Eu­ro­peia. É com tudo isto que urge romper; é pre­ci­sa­mente isto que o PCP se propõe fazer.

Entre vá­rios exem­plos, o di­ri­gente co­mu­nista des­tacou a re­dução do dé­fice, alar­deada pelo Go­verno como se de um «grande feito» se tra­tasse. «Mas foi à custa de quê? À custa, outra vez, do in­ves­ti­mento tão ne­ces­sário em áreas como a Saúde, a Edu­cação, os equi­pa­mentos so­ciais, os trans­portes, a agri­cul­tura, as flo­restas, etc.» Re­jei­tando tratar-se de uma questão de «contas certas e rigor», Je­ró­nimo de Sousa co­locou a questão nos seus de­vidos termos, o das de op­ções po­lí­ticas. E a do Go­verno, ga­rantiu, é er­rada, pois «em vez de fazer do in­ves­ti­mento uma va­riável fun­da­mental para o cres­ci­mento e de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico do País, faz dele uma das prin­ci­pais va­riá­veis de ajus­ta­mento da po­lí­tica or­ça­mental».

De­pois de se re­ferir ao que está em causa nas elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu de 26 de Maio e de re­alçar a sin­gu­la­ri­dade dos can­di­datos e ob­jec­tivos da CDU, Je­ró­nimo de Sousa des­tacou o papel do Par­tido na de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo e, par­ti­cu­lar­mente, na in­ter­rupção da po­lí­tica de agra­va­mento da ex­plo­ração e do em­po­bre­ci­mento e nos avanços con­cre­ti­zados nos três úl­timos anos. «É agora a hora de apro­fundar este ca­minho e avançar para um nível su­pe­rior de res­posta, ele­vando para outro pa­tamar a so­lução po­lí­tica capaz de re­solver os pro­blemas de fundo que blo­queiam o nosso de­sen­vol­vi­mento.» As elei­ções de 2019 são a opor­tu­ni­dade para «abrir esse ca­minho».

 



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