Novos passes sociais em Abril resultam da insistência do PCP
TRANSPORTES A concretização do título social em toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML) com um preço máximo de 40 euros reclama a melhoria da oferta, notou Jerónimo de Sousa na segunda-feira, 11.
Durante anos só o Partido defendeu e propôs o título intermodal único
Com uma viagem matinal de barco entre Cacilhas e o Cais do Sodré, o Secretário-geral do PCP realçou a conquista que representa a concretização de um passe intermodal único nos 18 concelhos da grande Lisboa com um preço máximo de 40 euros, bem como os descontos a jovens até aos 12 anos e para seniores. Medida que resulta de uma longa batalha dos utentes acompanhado com intervenção e proposta do Partido, que durante muito tempo a travou quase sozinho no plano partidário (sendo apenas acompanhado pelo PEV), e que significa «a poupança de centenas de euros por mês para muitas famílias».
Contudo, alertou Jerónimo de Sousa, a concretização cabal desta medida exige o aumento da oferta de transportes públicos, não apenas porque a situação actual já o reclama, mas também face ao previsível aumento do número de utentes.
Em declarações à comunicação social no final da travessia do Tejo, o Secretário-geral do PCP reivindicou, por isso, investimentos no sector, por exemplo, necessários nas ligações fluviais entre as margens norte e sul da AML.
É certo que o Governo já anunciou a compra de novas embarcações, mas para além da justa execução desse desígnio, até que tal se concretize é preciso responder às carências actuais, designadamente ao nível da reparação e da manutenção das unidades que se encontram ao serviço, insistiu.
Avançar é preciso
A propósito da entrada em vigor em Abril do referido passe social intermodal válido em todos os operadores na AML, o Partido editou um folheto, que está a ser divulgado, no qual se recorda que ainda em 2016, na Assembleia da República, PS, PSD e CDS chumbaram a proposta comunista e o BE absteve-se, facto que fez muitos duvidar da possibilidade da conquista da medida.
«Como sempre fazemos, fomos à luta para tornar possível o possível, para vencer as resistências instaladas e os interesses dominantes, para dar confiança às justas aspirações dos utentes, para mostrar a necessidade de uma política radicalmente diferente, patriótica e de esquerda», realça-se, e, «finalmente, em 2018, o alargamento do passe social intermodal foi decidido pelo conjunto dos presidentes de Câmara da AML e as verbas que o tornam possível incluídas no Orçamento de Estado para 2019».
«Afinal, era possível, como a CDU sempre afirmou!», constata-se ainda, antes de se reivindicar «o aprofundamento deste caminho completando-o «com o necessário aumento da oferta, da qualidade e da fiabilidade dos transportes públicos». Por isso, acrescenta-se, «vamos pois continuar a lutar pela contratação dos trabalhadores operacionais em falta nas empresas públicas, acabando com as estações e bilheteiras desertas e eliminando as múltiplas supressões originadas pela falta de trabalhadores na manutenção e reparação do material», por «investimentos orientados para o alargamento da rede de transportes», pela «modernização da rede ferroviária» e pela «expansão das redes de Metro», pelo fim das parcerias público-privado, nomeadamente com a Fertagus, «integrando a operação desta na CP».
Ir mais longe no Porto
No próximo dia 1 de Abril, também na Área Metropolitana do Porto (AMP) entra em vigor o passe único, abrangendo a actual rede Andante, com duas modalidades: passe municipal ou de três zonas contíguas com um custo máximo de 30 euros; título para toda a AMP com um custo máximo de 40 euros.
Anteontem, a Organização Regional do Porto do PCP iniciou uma campanha de esclarecimento em todo o distrito notando não apenas o papel determinante assumido pelos comunistas e os seus aliados do Partido Ecologista «Os Verdes» para que tal se tornasse realidade, mas sublinhando também que a concretização daqueles avanços não ilude a necessidade de ir mais longe, nomeadamente garantindo a efectiva gratuitidade do passe a todos os menores de 12 anos, a instituição de um título mensal de no máximo 20 euros para reformados e de passes familiares de até 60 e 80 euros, respectivamente, tratando-se de títulos municipal ou metropolitano.
Já em comunicado divulgado no final de Fevereiro, a DORP do PCP advertia que «apesar do silêncio do Conselho Metropolitano do Porto», este está também obrigado a «apresentar um plano de alargamento da oferta de transportes públicos, com a calendarização da entrada em vigor dos novos serviços».