Media – estatísticas e realidade

Carlos Gonçalves

O Expresso publicou um texto sobre 95 «políticos que invadiram os media», que se valoriza por certas estatísticas e reflexões mas que suscita a questão da realidade oculta nos estudos que ficam por fazer.

O texto visa demonstrar que os políticos-opinadores prejudicam os jornalistas e a qualidade dos media, mas não explica que isso resulta dos interesses e decisões do comando monopolista inconstitucional dos media, das linhas editoriais, do «pensamento único», das redes de comunicação e «informação» e da cassação de direitos individuais e colectivos dos jornalistas e outros trabalhadores.

O texto contabiliza os comentadores de partidos nos media dominantes (que um dia se esclarecerá) – 46 do PSD/CDS, 25 do PS, 9 do BE, 8 do PCP, mas, mesmo com estes números, até parece que os partidos são todos iguais, também nesta matéria. É a grande mistificação.

Não é comparável um texto de 30 linhas online de um membro do PCP, com 50 visualizações, e os 15 ou 20 minutos com 1,6 milhões de espectadores de Paulo Portas na TVI, ou 1,4 milhões de Marques Mendes na SIC. E no top de políticos-comentadores estão também Francisco Louçã, Pacheco Pereira, Paulo Rangel, Ferreira Leite, Eduardo Martins, Mariana Mortágua e Mesquita Nunes, com três e mais presenças semanais em tv, rádios e jornais – todos do PSD, CDS e BE –, o que evidencia a brutal campanha anticomunista (e não só).

E a isto juntam-se os inumeráveis «fazedores de opinião» dos partidos e do «jornalismo» da política de direita e dos cucos.

As estatísticas que falta fazer só poderiam concluir que a presença dos membros do PCP nos media dominantes é uma irrelevância, mas que o PCP pesa muito pela luta e pela acção transformadora – e por isso o capital monopolista não nos perdoa, por isso nos discrimina, oculta e calunia.




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