No inicio de Março de 1919 realizou-se em Moscovo o Congresso fundador da Internacional Comunista (IC), num momento em que o poder soviético enfrentava ainda a agressão combinada da burguesia e aristocracia czarista e de mais de uma dezena de potências imperialistas, que venceria definitivamente em 1922.

As dezenas de delegados presentes no Congresso, representando organizações provenientes da Europa, América e Ásia, dificilmente teriam consciência plena do alcance histórico do empreendimento em que participavam e do papel que a IC e o movimento comunista internacional desempenhariam no avanço da luta da emancipação social e nacional dos povos.

Um dos méritos deste Congresso, e em geral da IC, foi o de ter contribuído para a independência política, ideológica e organizativa destes sectores revolucionários, primeiro e decisivo passo para a criação de partidos comunistas – «partidos de novo tipo» –, concretizada nos anos seguintes em dezenas de países. Inspirados no exemplo dos bolcheviques e da Revolução de Outubro, os comunistas de todo o mundo adoptaram um programa para a conquista do poder pela classe operária, em clara e assumida ruptura com a linha capitulacionista que tomara conta da II Internacional.

Entre outros relatórios e resoluções, o Congresso aprovou o apelo Aos Operários de Todos os Países e o Manifesto da Internacional Comunista aos Proletários de Todo o Mundo. Neste, caracterizava-se a evolução do movimento operário desde o Manifesto do Partido Comunista, escrito sete décadas antes por Marx e Engels – a IC é herdeira de um processo iniciado com a criação da Liga dos Comunistas, em 1848, prosseguido com a criação da I Internacional, em 1864, e da II Internacional, em 1889 –, e a situação resultante da traição da II Internacional face à guerra imperialista. Aponta-se, também, o objectivo da IC: a conquista do socialismo.

Outro dos méritos deste congresso foi o de nele terem participado representantes dos povos oprimidos. Ao longo da sua história, a Internacional Comunista foi determinante para o desenvolvimento da luta anticolonial e anti-imperialista.

A Internacional Comunista promoveu o crescimento e assumiu um papel de direcção do movimento comunista até 1943, ano em que se dissolveu. O seu VII Congresso, realizado em 1935, teve uma grande importância para a adequada definição das tarefas dos partidos comunistas face ao ascenso do fascismo e à crescente ameaça de guerra.

Com a vitória sobre o nazi-fascismo, o prestígio da URSS e do socialismo e o avanço do movimento de libertação nacional, o movimento comunista teve uma enorme expansão, colocando-se a necessidade de – face à nova situação mundial e às experiências que entretanto acumulou – adaptar as suas formas de articulação e cooperação.

Na situação actual, marcada pela crise estrutural do capitalismo e pela ofensiva agressiva do imperialismo, no quadro de uma grande variedade de situações, tarefas, fases e etapas da luta revolucionária em que os partidos comunistas são chamados a intervir, o reforço e a cooperação do movimento comunista e revolucionário internacional afirma-se como uma premente necessidade, no respeito dos princípios de relacionamento e com base na unidade na acção, alicerçada no internacionalismo proletário e na mais ampla unidade anti-imperialista.