Ricos mais ricos, pobres mais pobres
DESIGUALDADES Em 2018, enquanto os multimilionários aumentaram a sua riqueza a um ritmo de dois mil e 500 milhões de dólares diários, os rendimentos da metade mais pobre da população mundial caíram 11%.
Aprofunda-se o fosso entre ricos e pobres à escala mundial
De acordo com números apresentados em Davos, na Suíça, pela Oxfam – uma confederação internacional formada por 17 organizações não-governamentais de diversos países –, hoje, 26 multimilionários possuem mais dinheiro que as 3.800 milhões de pessoas mais pobres do planeta.
Um relatório da organização pormenoriza que o orçamento para o sector da saúde da Etiópia equivale a 1% (um por cento!) da fortuna do homem mais rico do mundo, o dono da companhia Amazon, Jeff Bezos, cuja riqueza alcançou no ano passado os 112 mil milhões de dólares.
Os multimilionários do globo, que viram crescer as suas fortunas em quase um milhão de milhões de dólares em 2018, escondem ao fisco 7,6 mil milhões de dólares em alguns países como o Brasil ou o Reino Unido, revela o documento.
Uma outra conclusão interessante: comparativamente, os 10% mais pobres da população mundial pagam impostos mais elevados, em proporção ao seus rendimentos, do que os mais ricos.
Os números da Oxfam, que se baseiam em dados publicados pela revista Forbes e pelo banco Crédit Suisse, indicam que a quantidade de multimilionários duplicou numa década e que, em 2017, havia 43 multimilionários possuidores de mais riqueza do que a metade mais pobre da humanidade.
«O abismo que aumenta entre ricos e pobres penaliza a luta contra a pobreza, prejudica a economia e alimenta a cólera no mundo», resumiu a directora executiva da Oxfam International, Winnie Byanyima.
Em Davos, está a decorrer esta semana o 49.º Fórum Económico Mundial, com mais de três mil participantes, entre os quais 60 chefes de Estado e de governo, cerca de 100 ministros, centenas de líderes das mais influentes companhias de 20 sectores industriais – «a elite política e financeira mundial».
Estão ausentes os líderes de várias potências, por exemplo dos Estados Unidos, da China e da Rússia. Da Europa, também falham o presidente francês, Emmanuel Macron, ou a primeira-ministra britânica, Theresa May, a braços com problemas internos.
Este ano, o Fórum Económico Mundial decorre sob o lema «Globalização 4.0. À procura de uma arquitectura global na época da quarta revolução industrial».