Contra factos, não valem promessas
No passado dia 7, António Costa foi a Marco de Canavezes fazer propaganda com o lançamento do concurso para a aquisição de 22 comboios para o Regional da CP. Sobre os reparos de fundo do Partido a esta iniciativa – nomeadamente o facto de deixar de lado o serviço urbano e o longo curso – foi tomada posição nacional que o Avante reportará.
Face ao que foi dito pelo Governo, queria aqui apenas recordar um outro concurso, lançado pelo Governo PS de então, em Maio de 2009, onde anunciaram: «Entre 2009 e 2013 serão adquiridas 74 unidades de material circulante, no valor total de 370 milhões de euros. Está previsto neste fornecimento 25 automotoras para serviço regional no valor de 125 milhões de euros, 36 unidades múltiplas eléctricas bi-tensão para o serviço urbano da linha de Cascais no valor de 180 milhões de euros, 8 unidades múltiplas eléctricas para urbano do Porto no valor de 40 milhões de euros e 5 unidades múltiplas eléctricas para a linha do Sado no valor de 25 milhões de euros. O Governo, como fornecimento opcional, considerou ainda a aquisição de mais 28 unidades no valor total de 140 milhões de euros.»
Em Setembro de 2009 realizar-se-iam as eleições legislativas. O PS voltou a formar governo, cancelou o concurso lançado em Maio e colocou todas as promessas de aquisição de material circulante na mesma gaveta onde meteu o socialismo. Era membro desses governos um tal de António Costa, que agora afirma que antes dele o país "andou a ver os comboios passar". O mesmo António Costa que colocou a polícia a carregar sobre os trabalhadores da Sorefame quando em 2005 exigiam que o Governo impedisse a destruição da fábrica nacional de material circulante, e agora vem dizer que nestes 20 anos não comprámos comboios porque "andámos distraídos sobre a importância da ferrovia".
Andaram foi – o PS, e o PSD/CDS que compartilham todas as responsabilidades pela destruição da ferrovia nacional – demasiado atentos às ordens do grande capital e a contar com a distração dos eleitores.