Em memória de dois heróis comunistas
Com excepções, a social-democracia transformou-se num pilar do imperialismo
No próximo dia 15 de Janeiro, passam cem anos sobre o assassinato de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknetch. Trata-se de um acontecimento trágico que não pode cair no esquecimento. Pelo tributo devido à memória de dois heróicos dirigentes do movimento operário e comunista internacional e pelo que representou no caminho para impor aos trabalhadores a ditadura mais terrorista do grande capital, o fascismo.
As circunstâncias do crime são as de uma agudíssima luta de classes em torno dos destinos da revolução na Alemanha, uma revolução que se considerava de decisiva importância para romper o isolamento do país dos sovietes e para o próprio processo de edificação do socialismo na Rússia. Vivia-se então as dramáticas consequências da guerra imperialista de 1914/18. O movimento operário alemão era muito forte e era muito grande a influência da Revolução de Outubro. A possibilidade de uma revolução socialista estava no horizonte. Perante as posições oportunistas da direcção do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), tratava-se de criar a força revolucionária capaz de conduzir à vitória a classe operária. Foi nesse objectivo que Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo se empenharam, construindo a Liga Spartakus dentro do SPD e fundando no final de 1918, já durante o próprio processo da revolução, o Partido Comunista da Alemanha (KPD). É no quadro de um agudo combate político e ideológico que o governo dirigido pelo social-democrata Friederich Ebert prende os dois dirigentes comunistas e perpetra o nefando crime.
Este trágico episódio é particularmente significativo da luta que então se travava entre os arautos das teses revisionistas de Bernstein e os defensores do marxismo criativamente desenvolvido por Lénine; entre os partidos social-democratas, cujos deputados votaram os créditos de guerra (no caso da Alemanha, Liebknecht foi excepção) e o partido bolchevique, cujos representantes na Duma, por votarem contra, foram desterrados para a Sibéria; entre os opositores e os apoiantes da Revolução de Outubro. A ruptura com os dirigentes oportunistas da II Internacional tornou-se inevitável. Em Março de 1919 foi fundada em Moscovo a III Internacional, a Internacional Comunista.
O assassinato dos fundadores do KPD insere-se na vergonhosa trajectória de degenerescência da social-democracia. Com raras e honrosas excepções, geralmente em momentos de afluxo popular, a ideologia e a política de colaboração de classes e o seu visceral anticomunismo transformaram a social-democracia num pilar do imperialismo. É significativo que ainda hoje uma instituição que leva o nome do carrasco de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, a «Fundação Friedrich Ebert», continue activa na promoção da corrupção do movimento operário, do divisionismo sindical, do anticomunismo, dos interesses do imperialismo alemão, da Europa dos monopólios. A mão estendida a todos quantos se inquietam com o avanço da extrema-direita, a necessária ampla unidade para erguer uma sólida barreira ao fascismo, não pode, para ser autêntica, esquecer esta realidade.