Carteiros canadianos avançam para greve

António Santos

Após dez meses de negociações, os trabalhadores da Canada Post Corporation, a empresa pública de serviços postais daquele país, anunciaram uma greve nacional que começará já na próxima segunda-feira se, até lá, o governo canadiano não ceder aos carteiros em seis grandes eixos: aumentos salariais acima da taxa de inflação; combate à precariedade galopante; fim do trabalho extraordinário forçado; igualdade de condições nas zonas rurais e urbanas; melhores condições de saúde e de segurança no trabalho e contratação de mais trabalhadores. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Canadá (CUPW, na sigla inglesa), que representa mais de 50 mil trabalhadores, optou por greves rotativas ao longo de toda a geografia canadiana.

Apesar de, só no ano passado, o número de encomendas entregues ter aumentado vinte por cento, a Canada Post praticamente não contratou. Não se trata de um problema recente: ano após ano, o volume de trabalho aumenta mas o número de trabalhadores mantém-se estagnado. E, ano após ano, os mesmos trabalhadores são obrigados a fazer cada vez mais horas extraordinárias em condições cada vez mais precárias. Uma das consequências mais graves desta politica, acusa o sindicato, é a sinistralidade laboral: desde 2016, o número de acidentes de trabalho entre os trabalhadores dos correios aumentou uns surpreendentes 43 por cento, tornando a profissão de carteiro a quarta mais perigosa do Canadá, logo após a pesca, as actividades mineiras e os transportes rodoviários.

Se se concretizar, esta será a primeira paralisação nacional dos trabalhadores dos correios canadianos desde 2011, altura em que o parlamento aprovou uma lei que proibia unilateralmente a greve nos serviços postais, obrigando os trabalhadores a regressar ao trabalho. Cinco anos mais tarde, em 2016, a justiça canadiana daria razão aos trabalhadores, considerando a ilegalização da greve anti-constitucional.

Mas se a lâmina da proibição da greve já não pende sobre o pescoço dos trabalhadores, a principal ameaça avoluma-se: embora o governo ainda não ouse falar abertamente de privatização, a degradação do serviço em curso corresponde ao guião seguido em todas as partes do mundo onde o capital conseguiu destruir os serviços postais públicos, incluindo Portugal.




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