Hipocrisia e retrocesso social
O INE divulgou na passada quinta-feira que a taxa de desemprego desceu para 6,8% em Junho, quer em termos homólogos quer em cadeia, sendo a mais baixa desde Setembro de 2002.
Como o PCP tem vindo a a afirmar, trata-se de reflexos positivos da reposição de direitos e rendimentos a que a intervenção do PCP e a luta dos trabalhadores e do povo obrigaram e que não significam a solução para um problema que só outra política pode resolver.
Ao invés, Assunção Cristas, considerando positiva esta evolução, associou-a à legislação laboral que «vem de trás»: «Volto a dizer que baixa com um enquadramento de legislação laboral que vem de trás e que, infelizmente, este Governo agora quer alterar».
Ora, sabendo nós que a política de direita, a política de submissão ao capital monopolista, à União Europeia e ao euro são os grandes responsáveis pelo desemprego em Portugal; sabendo também que as alterações à legislação laboral pelo governo PSD/CDS pesaram profundamente no aumento da taxa de desemprego, não podemos deixar de rir perante tamanha hipocrisia.
Contrariando este sentido de progresso (embora limitado), o governo minoritário do PS, em vez de assumir uma política de ruptura com a política de direita, optou por prosseguir essa política. E a prova disso, se outras não houvesse, está na natureza das alterações à legislação laboral que apresentou recentemente na Assembleia da República.
Cristas diz querer a resolução do problema. Mas a receita que aponta vai exactamente no sentido do retrocesso social de que o seu governo foi exímio executor: baixos salários, desregulação de horários de trabalho, precariedade, emigração forçada e, claro, mais desemprego.
Não terá sido por isso que o CDS, com a sua abstenção, viabilizou as propostas do PS?...