Novo contrato e novos salários no transporte de mercadorias

NEGOCIAÇÃO O acordo para revisão do contrato colectivo dos transportes rodoviários de mercadorias inverte a tendência dos últimos 20 anos e permite elevar as reivindicações dos trabalhadores.

As empresas introduziram práticas ilegais para pagarem menos

O acordo de revisão do contrato colectivo de trabalho para o sector do transporte público rodoviário de mercadorias, assinado no dia 8 pela Fectrans/CGTP-IN e a associação patronal Antram, vem alterar «uma situação de não negociação e não actualização dos salários», depois de «uma negociação prolongada e nada fácil», durante quase dois anos, em que o «objectivo central» foi o «combate às situações de ilegalidade que, entretanto, foram introduzidas no sector, todas assentes em baixos salários e com pagamentos por fora».
Ao dar esta apreciação, num comunicado de dia 14 aos trabalhadores do sector, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações assinalou que «as próximas revisões salariais, anuais, assentam nestes valores e não naqueles de há 20 anos».
A Fectrans informou ainda que vai ser requerida a emissão de uma portaria de extensão, de modo a que o contrato colectivo, já remetido para publicação oficial, seja aplicado em todo o sector. Uma comissão paritária (com representantes sindicais e patronais) deverá, a partir de Setembro e com regularidade, acompanhar o cumprimento da contratação colectiva.
Pela parte dos sindicatos e dos trabalhadores, refere a federação, «é preciso passar à fase de acompanhamento da sua aplicação em cada empresa e, se for necessário, à mobilização para a luta».
Em declarações após a assinatura do acordo, o coordenador da Fectrans considerou que este entendimento representa «um passo importante para disciplinar o sector». Citado pela agência Lusa, José Manuel Oliveira previu que se abre agora «uma nova etapa de negociação de resolução de problemas, que a assinatura do acordo só por si não resolve».
Publicado desde dia 8 no site da Fectrans, o texto acordado vem clarificar regras de remuneração, conteúdos funcionais e formas de organização do tempo de trabalho. São introduzidos complementos remuneratórios para compensar perda de rendimentos nos casos de baixas por doença e de pensões por acidente de trabalho ou doença profissional.
No comunicado de dia 14, a federação destaca ainda que as entidades patronais passam a assumir os encargos com a renovação de certificados profissionais (CQM, CAM, ADR e cartão de condutor).
Fica definido que sobre o motorista não recai o dever de realizar cargas e descargas, sendo atribuído um complemento remuneratório nacional, ibérico ou internacional, e é introduzido um valor fixo de 63 euros para o trabalho nocturno (opcional na laboração em território nacional).
Os salários agora definidos, alertou a Fectrans, estipulam «valores mínimos que têm de ser aplicados, sem prejuízo de outros mais elevados» que já sejam praticados em algumas empresas.

Chantagem na Carris

«Vamos fazer tudo para obrigar a administração a assinar o que acordou», reafirmou a Fectrans, num comunicado de dia 16 aos trabalhadores da Carris.
Tal como já tinha explicado em posições públicas durante o mês de Julho, incluindo reuniões na DGERT (Ministério do Trabalho) e na Câmara Municipal de Lisboa, a federação não aceita que a administração da transportadora queira impor no texto do Acordo de Empresa já negociado uma nova cláusula, a alterar regras de organização dos sindicatos.
A norma permitiria cobrar uma verba a todos os trabalhadores, sindicalizados ou não. O montante seria distribuído pelos sindicatos, sem considerar o número de associados e a capacidade de intervenção, mas bastando apenas que fossem subscritores de um acordo com a empresa.
A não assinatura do acordado representa «uma manobra de chantagem sobre os trabalhadores», deixando passar a ideia que os associados do STRUP (sindicato da Fectrans com implantação na Carris) poderiam ficar sem AE. A federação contesta e desafia outras estruturas a tomarem uma posição comum sobre os aumentos salariais – uma unidade que levou à assinatura, dia 14, de um acordo salarial na STCP – para que também na Carris sejam actualizados os salários, inalterados desde 2009.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Sindicatos não aceitam prolongar idade da reforma

INVERSO A intenção do Governo de acabar com a aposentação obrigatória aos 70 anos na Administração Pública visa aumentar a idade de trabalho e contraria a necessidade de rejuvenescimento dos quadros.

Enfermeiros pela progressão

Prosseguem até final deste mês as greves, a nível de instituições de Saúde, promovidas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, no quadro da campanha «Progressão é, afinal, ilusão? Exigimos que não seja!». Nas paralisações que ocorreram no Centro Hospitalar de Leiria e no Centro Hospitalar...

Luta na Ryanair

Sindicatos dos tripulantes de bordo da transportadora aérea Ryanair de vários países europeus irão reunir-se a 7 de Setembro em Roma. A reunião, como informou no dia 14 a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), surge no seguimento da greve de 25 e 26 de Julho em Portugal, Espanha,...

Protesto em alta na hotelaria

Os sindicatos da hotelaria, restauração e turismo estão a realizar, durante o mês de Agosto, acções de esclarecimento dos direitos dos trabalhadores e de denúncia do incumprimento do contrato colectivo, incluindo a tabela salarial, por grande parte das empresas. Mesmo num período de elevadas receitas, foram detectados...

Greve na grande distribuição

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) informou que os trabalhadores de estabelecimentos da grande distribuição vão estar em greve a 12 de Setembro.Os trabalhadores reivindicam o aumento dos salários sem a redução do valor pago pelo trabalho suplementar, uma contrapartida...