O PSD na Lagoa encapelada

Carlos Gonçalves

O PSD Madeira fez a festa de Chão da Lagoa. Foi uma romaria de soundbites, sem novidades para o País ou a região. O marketing político, com a chancela de R. Rio e M. Albuquerque, foi a reconciliação e a graxa a A. J. Jardim e a proclamação de que «em equipe que ganha não se mexe», uma espécie de apelo, antecipado e nervoso, para as eleições de 2019 – regionais, legislativas e Parlamento da UE – e de auto-elogio à direcção do PSD.

A barca do PSD navega águas encapeladas. Acabou a bonança que veio depois do motim, que mandou borda fora P. Coelho e o «diabo» e deu o comando a Rio, que traçou o rumo actual do PSD, para, nesta nova fase da vida política nacional, afastar a defesa e conquista de direitos, mesmo que para isso seja mero ajudante do PS, convergindo na política de direita.

Rio tentou no Chão da Lagoa unir os barões para o futuro, mas além da desvergonha da Cristas, que se adiantou na auto-lavagem, tem a oposição de Montenegro, o desapoio de Negrão, a demissão dos vices, as derivas no OE e dossiers vários e as sondagens a descer e tem a chantagem de P. Santana Lopes que, mais uma vez, anuncia um partido alternativo ao PPD-PSD, talvez com os projectos reaccionários do VOLT, pan-europeu, da Iniciativa Liberal e da Democracia 21.

O PSD de Rio, como em 2015, mesmo que somado ao CDS, com o apoio do PR Sousa e um enorme branqueamento, não apagará tão cedo a memória da desgraça do País, de que é um responsável maior. Até ver, está na reserva do grande capital, para se e quando o PS não possa cumprir o essencial da sua opção de classe.

Este é o tempo da luta pelos direitos dos trabalhadores e do povo e pela resposta aos problemas do País, no rumo de uma alternativa patriótica e de esquerda.

 



Mais artigos de: Opinião

Causas e causadores da situação a que chegou o «interior do País»

Há quem tenha a habilidade e até a arte de esconder a causa principal da situação a que os territórios de baixa densidade (vulgarmente designados por «interior») chegaram. Mas ela é inseparável de décadas de política de direita, que teve e tem protagonistas concretos – PS, PSD e CDS –, que alinhados pelo modelo de desenvolvimento regional à escala europeia, acentuaram ainda mais essa tendência.

Falta de vergonha e de respeito

De passagem por Cantanhede na passada segunda-feira, o líder do PSD, Rui Rio, teceu considerações sobre a descida da taxa de desemprego em Portugal anunciada pelo INE. Terá mesmo afirmado em tom solene: «Esses empregos que podem melhorar a produtividade do País são justamente aqueles portugueses que estão a emigrar». E...

Especulação imobiliária

Merece ser lido o livro The Assassination of New-York (Verso, 1993). O autor é um norte-americano progressista, Robert Fitch, e o que estuda é o processo de reconfiguração da cidade sob o comando directo do grande capital (os Rockefeller, os Carnegie e outros, e o exército dos seus homens de mão). Trata-se de exponenciar...

Banha da cobra

A «cruzada» federalista, neoliberal e militarista de Macron passou por Portugal, para júbilo, embora contido – talvez devido ao período estival –, dos núncios locais da União Europeia, que se prestaram ao número de manigância do presidente francês. Baralhando e dando de novo, Macron procura dissimular o que pensa e o...

O Panteão

A concelhia de Lisboa do PSD armou um aranzel com a ideia de instalar os restos mortais de Francisco Sá Carneiro no Panteão Nacional. As redes sociais reagiram de imediato com as balbúrdias do costume e as primeiras páginas dos jornais, noticiários e telejornais trouxeram o assunto para a ribalta, esticando-o pelos dias...