Justiça alemã retira medidas cautelares contra Puigdemont
CATALUNHA A justiça alemã levantou, dia 20, as medidas cautelares impostas ao antigo presidente do governo da Catalunha, Carles Puigdemont, no âmbito do mandado europeu de captura.
Justiça espanhola desiste do pedido de extradição
A decisão foi anunciada após o Tribunal Supremo espanhol ter notificado, na véspera, a justiça alemã do cancelamento do mandado europeu de captura e do pedido de extradição de Puigdemont.
Este desfecho resultou da decisão anterior do tribunal de Schleswig-Holstein de admitir a extradição do acusado apenas por eventual delito de desvio de fundos, mas não pelo de rebelião, como era solicitado por Espanha.
Impedido de julgar Puigdemont por rebelião, crime para o qual a pena máxima pode chegar aos 30 anos de prisão, o juiz do Supremo Pablo Llarena optou pela anulação do mandado europeu de captura, emitido contra o antigo presidente catalão e quatro outros ex-conselheiros, designadamente Toni Comín, Lluís Puig e Meritxell Serret, exilados na Bélgica, e Clara Ponsati (Escócia), bem como contra a deputada Marta Rovira (Suíça).
O Supremo espanhol incriminou 25 pessoas por alegados delitos de rebelião, sedição e/ou peculato, na sequência do processo referendário que visava a criação de uma república independente. Destes, 13 são acusados do crime de rebelião, entre os quais está o ex-vice-presidente da Catalunha, Oriol Junqueras, actualmente detido numa prisão da Catalunha com outros ex-conselheiros.
Debilidades do processo
Reagindo à decisão do juiz Llarena, Carles Puigdemont considerou que a retirada do pedido de extradição «é a demonstração da imensa fraqueza» do processo judicial.
Escrevendo numa rede social, Puigdemont exigiu que a justiça espanhola «suspenda a prisão preventiva» dos outros nove líderes independentistas presos preventivamente em Espanha e que «comece a agir de acordo com a justiça europeia».
O ex-presidente do executivo catalão exilou-se inicialmente na Bélgica, mas foi detido pela polícia alemã, em 25 de Março, quando regressava de automóvel de uma conferência em que participou na Finlândia.
Agora, Puigdemont e os outros quatro exilados recuperam a liberdade de viajar sem risco de detenção e extradição, mas não poderão regressar a Espanha até que seja encontrada uma solução política para o processo, como exige a defesa dos arguidos.