Venezuela alerta para ameaça à paz
«O Presidente Nicolás Maduro, em nome do povo e do governo da Venezuela, condena o anúncio incomum feito pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, sobre a entrada do seu país na NATO», afirma-se num comunicado divulgado domingo pelo Ministério das Relações Exteriores da República Bolivariana. Para a chancelaria dos Negócios Estrangeiros de Caracas, a concretizar-se «a intenção das autoridades colombianas de introduzirem na América Latina e nas Caraíbas uma aliança militar externa com capacidade nuclear», está colocada em causa a «paz e estabilidade regional».
A Venezuela nota que a iniciativa contraria «a posição histórica» latino-americana e caribenha de «distanciamento face a políticas e acções belicistas da NATO e de qualquer outro exército ou organização militar que pretenda apelar ao uso da força e do sofrimento dos povos para impor e garantir a hegemonia de um modelo político e económico».
O perigo é tanto maior quanto, também no domingo, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, confirmou a manutenção das sanções norte-americanas contra a Venezuela. Já esta segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia aprovaram a imposição de «novas medidas restritivas, dirigidas e reversíveis» contra a Venezuela. O pretexto invocado por Bruxelas é o da realização de eleições presidenciais antecipadas «sem um acordo sobre a data ou as condições e em circunstâncias que não permitiram a participação de todos os partidos políticos em igualdade», o que é manifestamente falso, como pode testemunhar, entre outros, o ex-primeiro-ministro espanhol Rodríguez Zapatero, um dos patronos do roteiro para a paz discutido o ano passada na República Dominicana, com o qual toda a oposição concordou inicialmente mas que, à última hora, se escusou a subscrever.
A semana passada, durante a tomada de posse como presidente da Venezuela, Nicolás Maduro denunciou a captura de «conspiradores que confessaram que eram financiados através de uma aliança da embaixada gringa na Venezuela com o governo da Colômbia, para gerar violência e evitar as eleições». Já este sábado, num gesto de boa-vontade e disponibilidade para o diálogo com os EUA, a Venezuela libertou um cidadão norte-americano, Joshua Holt, que a coberto de uma missão mórmon em Caracas esteve envolvido num ataque à sede dos serviços de inteligência do país, ocorrido em 2016.